O “gelo” de Lula em Javier Milei
Há 11 dias, o presidente da Argentina enviou uma carta para o brasileiro por meio de sua chanceler, mas não teve resposta
Na segunda-feira da semana passada, dia 15, a chanceler da Argentina, Diana Mondino, esteve em Brasília e entregou pessoalmente ao ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, uma carta do presidente Javier Milei, endereçada para Lula. Mais de quatro meses após a posse do ultradireitista na Casa Rosada, os dois líderes ainda não conversaram ou se encontraram. Até o momento, no entanto, a mensagem de Milei ficou sem resposta do brasileiro.
Questionado sobre a carta durante café com jornalistas na última terça-feira, Lula disse não ter visto o documento porque seu chanceler “viajou” — mas Vieira estava em Brasília naquele dia. Horas após receber Diana Mondino, o chanceler realmente viajou, para Assunção, no Paraguai. Na noite seguinte, chegou a Bogotá para acompanhar Lula durante agendas na Colômbia na quarta-feira — dois dias depois de receber a missiva do argentino. O ministro então seguiu para Nova York, retornando a Brasília da sexta para o sábado. Na segunda e na terça, ele teve várias agendas no Palácio Itamaraty.
“Olha, primeiro, eu sei que o meu chanceler recebeu uma carta do presidente Milei, mas acontece que o meu chanceler viajou e eu ainda não vi a carta. Quando ele regressar, agora, eu devo receber a carta. Não sei o que que o Milei está dizendo na carta, portanto, eu não posso responder. A única coisa que eu posso adiantar é que, depois que eu ler, eu tenho interesse de que a imprensa saiba o que o presidente da Argentina quer conversar com o Brasil”, respondeu Lula, ao ser questionado sobre a mensagem e se receberia Milei.
De acordo com uma fonte do Itamaraty, os termos da carta eram vagos e não havia nada que demandasse resposta do presidente como um convite específico. O argentino teria feito apenas uma referência genérica a se encontrarem em algum momento e reiterado a prioridade conferida pelo país à relação bilateral com o Brasil. Até agora, levou um “gelo” do brasileiro.