Foi surreal a conversa de Eduardo Leite e João Doria nesta semana, segundo aliados ouvidos pelo Radar. O gaúcho, que solicitou ao ex-governador paulista o encontro, pediu desculpas pelos atritos causados nas últimas semanas pelos movimentos para derrubá-lo da condição de candidato do PSDB ao Planalto.
Doria disse que tudo ficaria resolvido se Leite reconhecesse publicamente o resultado das prévias do PSDB e o direito dele, Doria, de ser candidato. O gaúcho disse que não faria isso, pois ainda precisava conversar com seus aliados no partido.
Houve então um momento constrangedor. Se Leite não estava na conversa para pacificar essa questão, o que desejava o gaúcho no encontro?
Uma hora de blá-blá-blá depois, Leite revelou o verdadeiro motivo da visita: pedir a Doria que liberasse, “como um gesto de grandeza”, oito dos 40 comerciais nacionais do PSDB que o tucano terá nos próximos dias para falar dos seus planos ao Planalto.
Meio sem acreditar no que ouvia, Doria questionou Leite sobre o que ele falaria na TV, já que não é governador nem tem direito no partido a falar como candidato ao Planalto, já que foi derrotado nas prévias. Leite voltou a bater na tecla da grandeza.
Doria lembrou ao gaúcho o compromisso quebrado por ele de apoiar o vencedor das prévias. Disse que Leite era novo, teria tempo para buscar projetos na política, mas precisaria antes preservar a própria biografia ao desistir do “golpe”. “Não macule sua biografia”, disse o tucano.
Como a conversa não tinha futuro, segundo um aliado de Doria, ele disse a Leite para usar o espaço do PSDB gaúcho, mas nada feito no plano nacional. “Faça-me o favor, né? Me sinto desrespeitado. Gesto de grandeza quem tem que fazer é você. Reconheça que venci as prévias e sou o candidato”, disse Doria.
O tucano ainda levou Leite até a porta: “Passe bem”.