O clima de animosidade para a ida de Campos Neto ao Senado
Presidente do Banco Central será questionado nesta terça sobre ter 'visão da Faria Lima' e dizer que não seguirá ‘timing político’ para baixar juros

Quando o presidente da CAE do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), e o chefe do Banco Central, Roberto Campos Neto, acertaram, no fim de janeiro, a ida do economista a uma audiência pública, o clima do convite era de cordialidade, para evitar que ele encontrasse na Casa o mesmo tom das críticas que já vinha sofrendo do governo Lula pelo nível da taxa Selic.
Chegado o dia da audiência, marcada para esta terça-feira, às 9h, ficará claro que esse clima mudou – para pior.
O líder do PSD no Senado, Otto Alencar (BA), disse ao Radar que vê toques de “vaidade e desprezo pela classe política” na afirmação de Campos Neto no Lide Brazil Conference, em Londres, de que o “timing técnico é diferente do político”. Não ajudou nada que a declaração tenha sido dada em resposta a um apelo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no mesmo evento, sobre sua “obstinação” com a redução dos juros básicos.
“Agora, ele vai ter que explicar por que os juros estão na lua”, disse Alencar. Ele acredita que o “problema” do atual presidente do Banco Central é seguir a “visão da avenida Faria Lima” na condução da política monetária, e não a das prefeituras de pequenos municípios e das micro e pequenas empresas. “Só olha a Bolsa, o dólar e a inflação e dane-se o povo”, declarou o senador.