O argumento de governistas na CPMI para investigar as joias de Bolsonaro
Aliados de Lula dizem que tentativa de golpe no 8 de Janeiro visava a ocultar crimes e garantir impunidade do ex-presidente e seu grupo

Parlamentares da CPMI do 8 de Janeiro que integram a base de apoio ao governo Lula já têm pronto um argumento para levar a investigação do suposto esquema de venda de joias por Jair Bolsonaro e um grupo de auxiliares para dentro dos trabalhos da comissão.
Os governistas vão afirmar que a tentativa de golpe de Estado no dia da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes fazia parte de um plano para o derrotado nas eleições de 2022 se manter no poder e, assim, “ocultar seus crimes e garantir sua impunidade”.
Muito próximo de Flávio Dino, o deputado Duarte Jr. já apresentou requerimentos pedindo a convocação de Mauro Cesar Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, e de Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro. Os três foram alvos da Polícia Federal na última sexta.
Uma reunião de coordenação da base governista na CPMI deve definir uma estratégia conjunta de atuação e dar cabo a novos requerimentos.
A avaliação interna do grupo da situação é de que as informações sobre a participação de militares no suposto esquema das joias que vieram à tona com a operação da PF tornam insustentável a manutenção de um acerto com o ministro José Múcio (Defesa) sobre “poupar” integrantes das Forças Armadas e seus familiares na CPMI.
Aliados de Lula já esperam que o presidente da comissão de inquérito, Arthur Maia, resista a pautar requerimentos que evidenciem a ampliação do escopo da CPMI para englobar a venda ilegal, no exterior, de presentes recebidos por Bolsonaro durante seu governo.
Como o deputado do União Brasil tem controle sobre os itens colocados em votação, a saída dos governistas seria pressioná-lo com uma reunião já em curso para incluir os requerimentos relacionados aos personagens do caso das joias em uma votação “extrapauta”.
A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizando a operação na última sexta se deu no chamado inquérito das “milícias digitais”. Além de Mauro Cid, Lourena Cid e Wassef, também mirou Osmar Crivelatti, outro ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.