Há quase dois anos remando contra a maré num governo eleito com o discurso privatista — mas que, na verdade, pouco privatizou e ainda criará estatais –, o secretário de Desestatização, Salim Mattar, e o secretário de Desburocratização, Paulo Uebel, pediram as contas nesta terça.
Recentemente, Salim dizia a interlocutores ainda ter disposição para continuar tentando reduzir a estrutura de Estado, cumprindo a promessa de campanha de Jair Bolsonaro e defendendo bandeiras cada vez mais isoladas na Esplanada.
Salim dizia acreditar que até a privatização da Eletrobrás pudesse ser consumada neste ano. Ninguém no Congresso e no Planalto, porém, estava na canoa de Salim, que desde o início mostrou-se incapaz de construir bases políticas e buscar aliados aos seus projetos no Congresso.
O ex-secretário era visto no Parlamento como uma figura distante — para ser elegante. Com as mudanças no governo, Salim perdeu domínio sobre dois projetos importantes de desestatização, Os Correios e a EBC, sob o comando da pasta de Fábio Faria. Ao perceber a realidade, pediu demissão a Paulo Guedes.
O chefe da Economia falou abertamente das saídas: “Hoje houve uma debandada? Hoje houve uma debandada. Salim falou: ‘A privatização não está andando, prefiro sair’. Uebel disse: ‘A reforma administrativa não está sendo enviada, prefiro sair’. Esse é o fato, essa é a verdade.”