Abilio Diniz, presidente do conselho do Pão de Açúcar, não quer deixar barato o que aconteceu hoje na reunião de conselho do grupo (leia mais em Depoimentos vetados). E já contra-atacou: reagiu ao que classificou de mordaça imposta pelo Casino.
Em uma carta enviada há pouco aos conselheiros do Pão de Açúcar, Abilio afirmou que aqueles que evitaram os depoimentos estão desrespeitando a Lei das S.A. e que fogem às suas responsabilidades de zelar pelo bem da companhia. Abilio também afirmou que no exercício de sua função de presidente do conselho solicitará, individualmente, esclarecimentos aos dois executivos.
Eis os principais trechos da carta:
*”É lamentável o que ocorreu hoje no conselho de administração de uma das maiores companhias brasileiras. Os senhores Antonio Ramatis Fernandes Rodrigues e Andelaney Carvalho dos Santos estiveram presentes nesta reunião para esclarecer questões e dúvidas levantadas por membros deste conselho com relação aos motivos de suas saídas da administração da Via Varejo. Nada obstante tenha suscitado uma série de suspeitas sobre o desligamento desses executivos da Via Varejo em nossa última reunião, o senhor. Arnaud Strasser, agora acompanhado por outros representantes do Casino neste conselho, simplesmente optou por abandonar o cumprimento de seus deveres fiduciários, impedindo que informações sobre atos e práticas que vêm ocorrendo na administração da Via Varejo viessem a ser do conhecimento desse conselho para a adoção de eventuais medidas cabíveis”
*” De fato, é um absurdo que nós, conselheiros, nos esquivemos de obter esclarecimentos desses profissionais que exerceram cargos executivos tão relevantes na Via Varejo, dentre eles o de diretor presidente, o que poderia gerar mudança de procedimentos e apuração de responsabilidades. Seja por força do disposto nos arts. 142 e 158 da Lei das S.A., seja em virtude da extrema importância que os negócios da Via Varejo representam para a Companhia, informo que não serei omisso no exercício de minhas funções e solicitarei, individualmente, esses esclarecimentos aos ex-executivos”.
*“À luz do que ocorreu hoje, fica novamente claro e notório que determinados membros deste conselho continuam não exercendo suas funções no melhor interesse da companhia, mas tão somente em linha com os interesses próprios do Casino. Registro uma vez mais: alguns membros deste Conselho parecem esquecer que no Brasil possuem deveres fiduciários como administradores da companhia (e não do Casino), em flagrante violação aos termos da legislação societária aplicável.”