Militares e diplomatas, a nova guerra no coração do governo Bolsonaro
Presidente indicou nomes de fora da carreira diplomática para cargos em embaixadas, o que provocou reações na diplomacia de carreira
Jair Bolsonaro decidiu indicar nas últimas semanas alguns nomes de sua confiança no meio militar para cargos importantes da diplomacia no exterior. Desde que tomou tal decisão, o presidente passou a ser boicotado pelo Itamaraty no Senado, segundo senadores aliados do governo.
A guerra silenciosa começa a virar tiroteio e já chegou aos ouvidos de Bolsonaro quando os senadores deixaram na gaveta a indicação do secretário de produtos de Defesa, Marcos Degaut. Ele foi escolhido pelo presidente para ser o novo embaixador do Brasil nos Emirados Árabes Unidos.
Nesta quarta, a Comissão de Relações Exteriores do Senado vai sabatinar seis indicados pelo Planalto para embaixadas, mas Degaut ficou fora da pauta. Senadores governistas alertaram ao Planalto para articulações de figuras do Itamaraty contra o secretário da Defesa.
Para interlocutores da chancelaria, Bolsonaro deveria seguir seus antecessores no Planalto e não buscar nomes de fora da carreira diplomática para compor o quadro de embaixadores. Já para os conselheiros mais próximos do presidente, a reação do Itamaraty demonstra o antigo jogo sindical de governos passados. A guerra está aberta.