Mara assume posto de vice de Simone com críticas a Bolsonaro
Segundo ela, o presidente desdenha de minorias e 'engrandece' quando vê o povo sofrendo; senadora tucana irá compor chapa 100% feminina à presidência

A senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) foi formalizada nesta terça-feira como vice da também senadora Simone Tebet (MDB-MS) na corrida à presidência da República nas eleições deste ano. Em discurso de anúncio da chapa 100% feminina, a parlamentar bateu em Jair Bolsonaro, falou da sua experiência como pessoa com deficiência e seguiu a linha das falas recentes de Tebet no sentido de romper com a polarização entre Bolsonaro e Lula.
Gabrilli disse que a sua impressão é a de que Bolsonaro cresce no cargo quando vê a população padecer. Ela se referia ao modo como o presidente lidou com as vítimas da pandemia de Covid-19 e também do despeito que ele externa em relação a minorias representativas, como a população negra, as mulheres, os indígenas, a população LGBTQI+, os idosos e as pessoas com deficiência.
A senadora perdeu os movimentos do pescoço para baixo depois de um acidente de carro nos anos 1990. Ela lembrou que o Censo de 2010 indica que 24% da população brasileira tem ou uma deficiência ou uma doença rara. Ela se disse “arrasada” de “ver um governo que não respeita a sua população” e afirmou ser impossível conviver com um presidente que “desdenha do nosso próprio país”.
“Às vezes parece que o presidente só engrandece quando vê as pessoas sofrendo, as pessoas diminuindo. A gente quer o contrário. Sabe o por quê? Eu aprendi nessa trajetória que quando a gente melhora a vida de uma pessoa, é a humanidade que salta, é a gente que melhora junto”, disse.
Ela agradeceu a escolha de Tebet para tê-la como vice e indicou que o caminho para romper com a polarização seria na aposta na chapa feminina. “Repito aqui as suas palavras (Simone): o Brasil tem que olhar para frente e é possível fazer diferente. Juntos, com amor e com coragem, vamos mudar o Brasil. Você conta comigo nessa jornada. É impossível não acrescentar que um dia eu quebrei o meu pescoço, perdi os movimentos do meu pescoço para baixo. Perdi a fala e a respiração. Eu fiquei uma pessoa que não falava e não respirava sozinha, só com auxílio de aparelhos. Passei pelo o que muitas pessoas passaram nessa pandemia, respirando no aparelho que me trouxe de volta. Então vocês podem imaginar o tamanho da minha emoção em poder contribuir com esse país. Porque foram as pessoas com deficiência que me fizeram querer lutar para que as pessoas tenham oportunidade”.




