O investimento de 897 milhões de euros da Portugal Telecom na Rio Forte, a encrencada holding não financeira do Grupo Espírito Santo, foi o estopim para o pedido de demissão de Otavio Azevedo e Fernando Portella, os conselheiros da Oi na telefônica portuguesa, conforme revelou o Valor de hoje.
O bicho, entretanto, é muito mais pavoroso que parece à primeira vista. Internamente, na Oi, fala-se em fraude, manobra irregular, má fé e outras palavras do mesmo calibre para definir o negócio. Há passivos não contabilizados da Rio Forte de 2 bilhões de euros, de acordo com as autoridades econômicas de Portugal.
E qual é o maior incômodo da Oi? A polêmica operação foi realizada antes da conclusão da fusão entre Oi e PT.
Não é exagero imaginar que os desdobramentos desse imbróglio possam impactar a própria fusão.
As cartas de demissão que Azevedo e Portella endereçaram a Henrique Granadeiro, presidente do Conselho de Administração da PT, não são meramente protocolares. São documentos escritos linha a linha pensando em futuras brigas judiciais.
Nelas, eles chamam atenção para o volume superlativo do aporte – quase 1 bilhão de euros – do conflito de interesses e dos possíveis riscos da operação. E reforçam que o negócio foi feito em meio ao fechamento da fusão entre PT e Oi.