Lula foi à China com uma delegação recorde de empresários, políticos e integrantes do governo. Seu grande objetivo, segundo auxiliares, era “mostrar ao mundo que o Brasil voltou”.
Nos pensamentos de grandeza de Lula, ele retornaria da China fortalecido como interlocutor internacional para diferentes temas e fazendo os Estados Unidos lamentarem não terem planejado um encontro como o realizado pelos chineses — a visita aos Estados Unidos, em fevereiro, foi curta e sem grandes anúncios.
A viagem, no entanto, revelou-se uma rica fonte de notícias desgastantes ao governo e ao petista. Já na largada, uma fala da primeira-dama Janja nas redes jogou o governo num logo debate doméstico sobre taxação de produtos chineses, populares no país inclusive entre apoiadores do Planalto.
As imagens de deslumbramento da primeira-dama, durante roteiros turísticos em solo chinês, também deram muita munição à oposição. Quando falou, Lula bateu nos Estados Unidos, na União Europeia e no seu malvado favorito, o FMI.
Os acordos comerciais assinados pelo petista com os chineses, durante a viagem, já caíram no esquecimento. A agenda positiva da visita foi ofuscada pelo fiasco diplomático internacional do petista, que se lançou, de improviso, a analisar a guerra na Ucrânia.
Ignorando as próprias posições oficiais do Brasil na ONU, o petista equiparou responsabilidades de Rússia, um país invasor, e Ucrânia, o país invadido, no conflito armado e acusou a União Europeia e os Estados Unidos de não defenderem a paz e, ao contrário, atuarem para prolongar o conflito armado.
As falas de Lula geraram respostas constrangedoras da comunidade internacional. O porta-voz da União Europeia rebateu o petista dizendo, de forma clara, que ele mentia ao falar sobre a posição europeia na questão. Os Estados Unidos foram igualmente duros ao destacarem a ingenuidade de Lula ao replicar o discurso russo sobre a guerra.
Lula queria reunir países em torno de um clube da paz, mas suas falas simpáticas ao regime russo atrapalharam o projeto. Ninguém até agora topou a aventura. O petista, que foi à China para mostrar ao mundo seu peso político, voltou para casa isolado em suas péssimas amizades.
Não é a primeira vez que o governo prepara uma agenda positiva e acaba boicotado por seu próprio líder maior. Bolsonaro cometia erros dessa natureza com frequência. Lula vai no mesmo caminho.