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Lula diz que ainda precisa “estar convencido” se necessita cortar gastos

O presidente disse que não é obrigado a cumprir meta fiscal estabelecida se houver "coisas mais importantes" para fazer

Por Gustavo Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 16 jul 2024, 17h08 - Publicado em 16 jul 2024, 15h20
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  • O presidente Lula concedeu nesta terça-feira, 16, uma entrevista à TV Record e foi questionado se está disposto a contingenciar entre 15 bilhões e 20 bilhões de reais, como calculam economistas, para “manter a credibilidade” do arcabouço fiscal e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

    “Primeiro, eu tenho que estar convencido se há necessidade ou não de cortar”, respondeu o presidente. Ele também disse que não é obrigado a cumprir a meta fiscal estabelecida se houver “coisas mais importantes” para fazer.

    As declarações ocorreram quase duas semanas depois de Haddad afirmar que ele determinou que o arcabouço fiscal seja cumprido e anunciar um corte de 25,9 bilhões de reais em despesas obrigatórias do Orçamento de 2025.

    Indagado se ainda não está convencido, Lula comentou que tem uma “divergência histórica” de conceito com o pessoal de mercado. “É que nem tudo que eles tratam como gasto eu trato como gasto”, afirmou.

    “A minha mãe dizia: a gente nunca pode gastar mais do que a gente ganha. Se a gente tiver que fazer uma dívida, nós temos que fazer uma dívida em alguma coisa que aumente o nosso patrimônio, pra gente ter um ativo a mais. É isso que balizou o meu comportamento na questão da economia. Eu, às vezes, fico irritado porque eu não sou marinheiro de primeira viagem. Eu sou o presidente da República mais longevo desse país depois de Getúlio Vargas e Dom Pedro II. Então eu tenho experiência de administrações bem-sucedidas”, disse o petista.

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    Ele então apontou que, segundo os atuais dados econômicos, não tem “um único número que diga que o Brasil tem qualquer problema”.

    “A gente está crescendo mais do que a previsão do mercado, o mercado previa 0,8%, nós crescemos 3%, o mercado previa inflação descontrolada, a inflação está totalmente controlada. A única coisa que não está controlada é a taxa de juros. O restante, o Brasil está totalmente… Gerando 2 milhões e 550 mil empregos em um ano e sete meses, a massa salarial crescendo 11,7%, o salário mínimo reajustado duas vezes acima da inflação, isenção do Imposto de Renda para quem ganha dois salários mínimos, e eu pretendo chegar a 5.000 reais de desconto no Imposto de Renda, tiramos 24 milhões de pessoas da fome”, declarou.

    Lula então comentou que às vezes Haddad fica nervoso e irritado com alguma coisa que está demorando na Câmara e que diz para o ministro ficar tranquilo, porque “se tudo der errado, ainda vai dar certo”.

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    Meta de déficit zero

    Questionado se vê problema em mudar a meta de déficit zero para não ficar “refém da meta”, Lula respondeu que “é apenas uma questão de visão”.

    “Você não é obrigado a estabelecer uma meta e cumpri-la se você tiver coisas mais importantes para fazer. Esse país é muito grande, esse país é muito poderoso. O que é pequeno é a cabeça dos dirigentes desse país e a cabeça de alguns especuladores. Porque esse país não tem nenhum problema se é déficit zero, se é déficit 0,1%, se é déficit 0,2%. Não tem nenhum problema para o país. O que é importante é que esse país esteja crescendo, que a economia esteja crescendo, que o emprego esteja crescendo, que o salário esteja crescendo”, declarou.

    “Por exemplo, quando alguém fala o seguinte: ‘Ah, o presidente Lula precisava desvincular o salário mínimo da Previdência Social. O mínimo, já diz, é o mínimo. Não tem nada mais baixo que o mínimo. Então eu não posso cortar o mínimo, porque já é o mais baixo de tudo”, complementou.

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    Na sequência, o petista negou que a meta de déficit zero esteja “engessada” e disse que “ela não está rejeitada”: “Porque nós vamos fazer o que for necessário para cumprir o arcabouço fiscal”.

    “Eu dizia na campanha o seguinte: vamos criar um país com estabilidade política, jurídica, fiscal, econômica e social. E eu ainda dizia: e tem mais uma coisa que a gente vai cumprir, esse país terá previsibilidade. Ninguém será pego de surpresa com as coisas que nós vamos fazer, porque eu quero fazer ao meio-dia, não à meia-noite, sempre ao meio-dia, com todo mundo assistindo”, afirmou.

    “Essa responsabilidade, esse compromisso — posso dizer para você como se tivesse dizendo para um filho meu, para a minha mulher —, responsabilidade fiscal eu não aprendi na faculdade, eu trago ela de berço, dos conselhos da dona Lindu: não gaste o que você não tenha, não faça dívida que você não pode pagar. É por isso que em 2005 eu chamei o FMI aqui e falei: ‘Eu quero pagar para vocês’. E o presidente do FMI falava: ‘Não, Lula, nós não precisamos receber’. ‘Mas eu quero pagar, porque eu não quero dever’. Pagamos 30 bilhões que devíamos e ainda emprestamos 15 bilhões de dólares para o FMI, depois da crise de 2008. Então seriedade fiscal eu tenho mais do que quem dá palpite nessa questão fiscal no Brasil”, concluiu.

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