Em discurso na COP27, o presidente eleito, Lula, defendeu nesta quarta o aumento de países no Conselho de Segurança da ONU. Segundo o petista, os membros permanentes — Estados Unidos, Rússia, Reino Unido, França e China — são nações privilegiadas e a geopolítica mudou desde a época em que o grupo foi criado.
“O mundo não é o mesmo de 1945”, disse Lula. “A ONU precisa avançar. Não é possível que a ONU seja dirigida sob a mesma ótica da geopolítica da II Guerra Mundial. O mundo mudou, os países mudaram, os países querem participar mais, os continentes querem estar representados”, acrescentou.
No pedido de mais participação no principal órgão das Nações Unidas, Lula defendeu uma governança global para o combate à questão climática. Segundo o presidente eleito, as decisões tomadas em nível global se tornam inoperantes nos países sem protagonismo.
“Aquilo que nós aprovamos aqui vai sendo um amontoado de papel, que vai ficando dentro da gaveta. Depois, troca-se de gaveta, mas continua sem funcionamento.”
Ainda em defesa da colaboração internacional na crise climática, Lula elencou outros desafios globais, como o “aumento intolerável da desigualdade”, tensões geopolíticas e “a volta do risco da guerra nuclear”. O presidente eleito destacou desafios no abastecimento de alimentos e energia.
“O planeta, que a todo momento nos alerta de que precisamos uns dos outros para sobreviver. Que, sozinhos, estamos vulneráveis à tragédia climática. No entanto, ignoramos esses alertas, gastamos trilhões de dólares em guerras que só trazem destruição e mortes, enquanto 900 milhões de pessoas em todo o mundo não têm o que comer.”
Criado há 77 anos, o Conselho de Segurança da ONU conta com as maiores potências que saíram vencedoras da II Guerra Mundial. Além dos cinco países decisivos no conflito, outros dez são eleitos para mandatos de dois anos na Assembleia Geral das Nações Unidas.
No ano passado, o Brasil retornou como membro rotativo do Conselho. A vaga temporária foi conquistada após o país receber 181 votos na 75ª Assembleia Geral da ONU. A última vez que o país havia participado do grupo foi em 2011.