Indiciamento repete modus operandi da Lava-Jato, diz Juscelino Filho
Ministro das Comunicações de Lula coloca em dúvida isenção de delegado da PF e afirma que indiciamento é “ação política e previsível”
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou que o relatório da Polícia Federal (PF) que o indicia pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva repete o modus operandi da Operação Lava-Jato, que, segundo ele, “causou danos irreparáveis a pessoas inocentes”.
Em nota, o ministro colocou em dúvida a isenção do delegado da PF que conduz o inquérito e disse que o indiciamento é “uma ação política e previsível”, que, na sua visão, partiria de uma apuração que “distorceu premissas, ignorou fatos e sequer ouviu a defesa sobre o escopo do inquérito”.
O caso envolve repasses para Vitorino Freire, cidade comandada por Luanna Rezende, irmã do ministro. O relatório final do inquérito foi encaminhado ao gabinete do ministro Flávio Dino, do STF.
Para Juscelino Filho, trata-se de “fatos antigos” e que não seriam de sua responsabilidade como parlamentar. “No exercício do cargo como deputado federal, apenas indiquei emendas parlamentares para custear obras. A licitação, realização e fiscalização dessas obras são de responsabilidade do Poder Executivo e dos demais órgãos competentes”, afirmou.
Na avaliação do ministro, a investigação “parece ter se desviado de seu propósito original”. Segundo ele, o trabalho da PF “concentrou-se em criar uma narrativa de culpabilidade perante a opinião pública, com vazamentos seletivos, sem considerar os fatos objetivos”.
“É importante deixar claro que não há nada, absolutamente nada, que envolve minha atuação no Ministério das Comunicações, pautada sempre pela transparência, pela ética e defesa do interesse público”, acrescentou.
Juscelino Filho disse ainda que o inquérito da PF “devassou” sua vida e as de seus familiares “sem encontrar nada”.
“Durante o meu depoimento, o delegado responsável não fez questionamentos relevantes sobre o objeto da investigação. Além disso, o encerrou abruptamente após apenas 15 minutos, sem dar espaço para esclarecimentos ou aprofundamento”, afirmou o ministro.
“É importante lembrar que o indiciamento não implica em culpa. A Justiça é a única instância competente para julgar, e confio plenamente na imparcialidade do Poder Judiciário. Minha inocência será comprovada ao final desse processo, e espero que o amplo direito de defesa e a presunção de inocência sejam respeitados”, concluiu.