Haddad pela manhã, Mercadante à tarde: segue o baile de Lula na economia
Presidente se equilibra entre a ala política do governo e o projeto do seu ministro da Fazenda
Lula disse na campanha que seria o próprio ministro da economia do governo. Ao dar a Fazenda a Fernando Haddad, tratou logo de mostrar que o ministro não navegaria sem questionamentos pela área.
Além de empoderar petistas com visões opostas como Aloizio Mercadante, que foi ao BNDES estabelecer um ministério do B, o presidente permite que Gleisi Hoffmann crie constantemente incertezas ao falar de temas de Haddad.
Nesta terça, dia em que Lula decidirá a engenharia da reoneração da gasolina e do etanol, o gabinete presidencial terá Haddad, mas terá também Mercadante. As agendas foram separadas, claro. Lula vai falar com Haddad pela manhã e receberá Mercadante à tarde — isso na agenda oficial.
Antes de se reunir com Lula à tarde, Mercadante terá um encontro com Haddad em Brasília, mas o tema dos combustíveis não está na pauta, segundo o Radar apurou. Os dois vão discutir sobre os negócios do BNDES.
A ala política do governo trabalha contra Haddad porque a agenda do ministro da Fazenda torna menos festivo os discursos de palanque do petismo. Com dois meses de governo, é hora de lidar com realidades mais complexas — e nada populares — do que o discurso eleitoral fazia crer. O Lula do palanque achava tudo fácil de resolver. A vida real de presidente — das contas do governo aos desafios econômicos dos próximos meses — mostra o contrário.