Fernando Meirelles comenta sucesso de Ensaios sobre a Cegueira na pandemia
“É preciso ter estômago para ler, ainda mais diante do que teremos pela frente, mas recomendo”
O sobe-e-desce da lista de livros mais vendidos de Veja registrou na edição desta semana o repentino interesse do livro “Ensaios Sobre a Cegueira”, do prêmio Nobel português José Saramago. A obra de 1995 registra as consequências de uma epidemia de cegueira que vitima os moradores de uma cidade fictícia. A analogia com a crise sanitária de coronavírus é inevitável, desde a imposição de quarentenas até o caos social.
Fernando Meirelles, o diretor responsável pela adaptação da obra para o cinema em 2008, comentou o fenômeno. “É preciso ter estômago para ler Ensaio Sobre a Cegueira, ainda mais diante do que teremos pela frente, mas recomendo”, destacou.
“No livro, a epidemia parece ser um filtro que separa e reforça os instintos de solidariedade ou de egoísmo em cada um. É como se tivesse vindo para separar o joio do trigo. O livro toca neste ponto de maneira precisa embora Saramago, um ateu convicto, não deva ter pensado nesta parábola do São Mateus. Na parábola eles deixam o joio crescer primeiro e depois então ele é colhido e lançado ao fogo”, completou o diretor de Cidade de Deus, O Jardineiro Fiel e 360.