Entidade de advogadas feministas expulsa defensora de Neymar
'Entendemos que toda e qualquer pessoa tem direito à defesa'

A seção brasileira do Cladem – Comitê da América Latina e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher – expulsou de seus quadros a advogada Maíra Fernandes, contratada para defender Neymar no caso em que ele é acusado de estupro.
Em nota, a entidade diz reconhecer “que toda e qualquer pessoa tem direito à defesa” e que advogados têm “constitucionalmente o direito ao livre exercício de sua profissão” e não precisam explicar a razão de aceitar um caso.
Mas, ao justificar a decisão de excluir Maíra, o texto frisa que o Cladem é uma organização de advogadas feministas, “com mais de três décadas de atuação ética em defesa dos direitos das mulheres e, por consequência, de luta contra a violência simbólica que se expressa dentro e fora do sistema de justiça criminal em casos a envolver violência contra as mulheres, em especial quando o debate público versa sobre o estupro”.
No último trecho da nota, a entidade comunica que a advogada Maíra Fernandes, “recentemente contratada para a defesa do jogador Neymar Jr., conforme tomamos conhecimento via imprensa, já não mais pertence a nossa organização.”
A seguir, a íntegra da nota:
Brasil, 06 de junho de 2019.
O Comitê da América Latina e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher – CLADEM/Brasil, vem à público comunicar que:
Entendemos que toda e qualquer pessoa tem direito à defesa dentro dos limites processuais estabelecidos pela ordem jurídica. De modo que, considerando as recentes denúncias envolvendo o jogador Neymar Jr., a ele deve ser assegurado o devido processo legal.Entendemos também que todo e qualquer advogado e advogada tem constitucionalmente o direito ao livre exercício de sua profissão, descabendo perquirir-se publicamente acerca dos motivos pelos quais um ou outro caso lhe é oferecido e aceito.
Contudo, sendo o CLADEM uma organização composta por advogadas feministas, com mais de três décadas de atuação ética em defesa dos direitos das mulheres e, por consequência, de luta contra a violência simbólica que se expressa dentro e fora do sistema de justiça criminal em casos a envolver violência contra as mulheres, em especial quando o debate público versa sobre o estupro, comunica que a advogada Maíra Fernandes, recentemente contratada para a defesa do jogador Neymar Jr., conforme tomamos conhecimento via imprensa, já não mais pertence a nossa organização.
(por Fernando Molica)