Em Bruxelas, Lula volta a chamar impeachment de Dilma de golpe
O presidente disse que a reunião da cúpula Celac-União Europeia não ocorria há oito anos "por irresponsabilidade do golpe" e pela eleição de Bolsonaro

Em Bruxelas, na Bélgica, para participar da reunião de cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos e a União Europeia, o presidente Lula abriu espaço na sua concorrida agenda nesta terça-feira para participar da semanal Conversa com o Presidente, transmitida ao vivo pelas redes sociais. Logo na sua primeira fala, ele voltou a se referir ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016, como “golpe“.
“Primeiro é importante dizer pro povo brasileiro que havia oito anos que essa reunião não acontecia por irresponsabilidade do golpe e, depois, pelo que aconteceu depois de 2018 no Brasil”, declarou o petista.
Lula então disse que a reunião é muito importante por contar com a participação dos líderes da Europa, da América Latina e do Caribe. “É a oportunidade não apenas de você fazer acordo, discutir ações conjuntas dos dois continentes, discutir política de investimento, como é extremamente importante você fazer reuniões bilaterais com os presidentes para que você discuta a aproximação do Brasil com o mundo”, comentou.
A nova menção ao golpe contra Dilma ocorre em meio à negociação para entregar ministérios a partidos do Centrão — que apoiaram o impeachment em peso.
Publicamente, Lula não falava no “golpe” contra sua aliada havia algumas semanas. No dia 28 de junho, durante o anúncio do Plano Safra da Agricultura Familiar 2023/2024, ele disse que estava começando uma nova era no país e retomando “uma coisa que nunca deveria ter acabado, mas acabou”.
“E nós agora estamos voltando mais calejado, mais preparado, mais maduro, mais responsável e com muito mais obrigações com a sociedade brasileira, porque a gente agora tem que fazer mais — e tem que fazer melhor! E a gente, agora, precisa fazer mais com a participação de vocês, porque, se vocês participarem ativamente, nunca mais alguém vai se meter a dar golpe, como foi dado na companheira Dilma Rousseff — ou vão tentar fazer o que fizeram no dia 8 de janeiro, tentando invadir os poderes da Constituição”, comentou.
Dias antes, em entrevista ao jornal italiano Corriere della Sera, ele declarou que o PT, seu partido, é presidido por uma mulher, a deputada Gleisi Hoffmann, e que tem orgulho de ter apoiado Dilma, a primeira presidenta brasileira. “O golpe que ela sofreu em 2016 teve também um forte componente machista”, afirmou.