Durante a entrevista que concedeu à CBN na manhã desta terça-feira, 18, o presidente Lula foi questionado se não é contraditório lamentar o desastre climático que aconteceu no Rio Grande do Sul e ao mesmo tempo tentar investir na exploração de petróleo em área de importância ambiental como a Margem Equatorial brasileira, na costa do Amapá. Inicialmente, ele respondeu que “não tem contradição”, mas depois admitiu que “é contraditório”, sim, já que o governo está “apostando muito na transição energética”.
“Olha, não tem contradição. Veja, nós temos ali perto da Margem Equatorial a Guiana e o Suriname explorando petróleo, ali próximo de nós. Quando a gente fala Margem Equatorial e a gente pensa que é foz do Amazonas, você sabe a que distância quilométrica está a possibilidade de ter petróleo? A 575 quilômetros da margem. Ou seja, não é uma coisa que tá ali na Amazônia, é uma distância maior do que quase que metade do trecho Brasília-São Paulo”, declarou o petista.
Lembrado de que o Ibama ainda não aprovou a exploração, apesar dessa distância, Lula respondeu que “nós vamos ter que discutir”.
“O problema é o seguinte: o Ibama tem uma posição, o governo pode ter outra posição e, em algum momento, eu vou chamar o Ibama, a Petrobras e o (Ministério do) Meio Ambiente na minha sala para tomar uma decisão. Sabe? Esse país tem governo, e o governo reúne e decide. Que as pessoas podem ter posições técnicas, vamos debater tecnicamente. O que não dá é para a gente dizer a priori que vai abrir mão de explorar uma riqueza que, se for verdade, as previsões, é uma riqueza muito grande para o Brasil”, comentou.
“É contraditório? É, porque nós estamos apostando muito na transição energética. Olha, mas enquanto a transição energética não resolve o nosso problema, o Brasil tem que ganhar dinheiro com esse petróleo”, complementou o presidente.
Na semana passada, a ministra do Meio Ambiente e da Mudança do Clima, Marina Silva, minimizou uma declaração anterior de Lula defendendo a exploração e disse que não iria “fazer interpretação” da fala. Ela frisou que o chefe não se referiu à foz da Amazônia, e sim à região que já é explorada.