O desmatamento na Amazônia fechou o mês de julho com queda de 15% em comparação com o mesmo mês do ano passado, mas o patamar continua elevado, alertou nesta sexta o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia.
Os dados foram extraídos do sistema Deter e divulgados também nesta sexta pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, do governo federal.
De acordo com o levantamento, foram 1.417 km² de mata derrubados até 30 de julho de 2021, contra 1.659 km² no mesmo período de 2020.
Com isso, o acumulado entre agosto de 2020 e julho de 2021, referência do governo brasileiro para cálculo do desmate, apresentou redução de 5% em relação ao período anterior, conforme o vice-presidente Hamilton Mourão havia adiantado nesta semana.
A tendência deve ser confirmada até dezembro, com a divulgação do número oficial do desmatamento anual pelo sistema Prodes, também do INPE. É a primeira queda em três anos — e deve ser comemorada e mantida, diz o IPAM.
No entanto, o instituto alerta que o Brasil atingiu um novo patamar de desmatamento. Ao comparar o acumulado do Deter dos últimos três anos (2019, 2020 e 2021) com o acumulado dos três anos anteriores (2016, 2017 e 2018), houve um aumento de 70%.
“Apesar da redução entre um ano e outro de 5%, seguimos em níveis altíssimos de desmatamento na Amazônia”, afirma o diretor-executivo do IPAM, André Guimarães. “Estamos em um momento crucial para o equilíbrio climático do planeta, e manter as florestas é a principal contribuição que o Brasil pode dar neste momento a esse desafio global.”
Outra questão é o aumento observado do desmatamento nas florestas públicas não destinadas, categoria fundiária sob a responsabilidade da União e dos estados.
No primeiro semestre de 2021, 32% da derrubada registrada pelo Deter aconteceu nessas áreas, enquanto 25% foi registrada em imóveis rurais e 19%, em assentamentos.
“É um indício claro do avanço da grilagem e da ilegalidade”, explica o pesquisador sênior do IPAM, Paulo Moutinho. “As florestas públicas precisam receber ações enérgicas por parte do governo, para coibir o avanço sobre áreas que por lei deveriam ser protegidas. Se não, a redução não vai se manter.”