Deltan diz que STF ‘institucionalizou a impunidade dos corruptos’ no país
Em evento de filiação ao Podemos, ex-procurador criticou o fim da prisão em 2ª instância e disse que os três poderes anularam avanços da Lava Jato
Deltan Dallagnol fez sua estreia oficial na arena política nesta sexta-feira. Ele participou no fim da manhã de um evento em Curitiba que marcou a sua filiação ao Podemos, partido ao qual Sergio Moro se juntou no mês passado. O ex-procurador da República e ex-coordenador da Lava-Jato disputará a um cargo de deputado federal pelo Paraná no ano que vem.
Em seu discurso de filiação, Deltan bateu firme em seus ex-colegas de Judiciário, tecendo duras críticas ao STF e às decisões recentes da Suprema Corte que beneficiaram réus de processos originados na operação Lava-Jato.
A crítica mais forte foi contra o fim da prisão em 2ª instância e também à remessa para a Justiça Eleitoral de processos da força tarefa que envolviam caixa dois. Neste último caso, o entendimento do Supremo é o de que houve violação do princípio do juízo natural. Diversas sentenças têm sido anuladas com base no argumento.
“Nós vimos o fim da prisão em segunda instância, decisão do STF que institucionalizou a impunidade dos corruptos no Brasil. Nós vimos essa decisão desestimular as colaborações premiadas e a devolução do dinheiro que tinha sido desviado de todos nós. Vimos ainda a criação de novas regras desastrosas pelo STF, como a regra que dá competência à Justiça Eleitoral para caso de corrupção política quando parte do dinheiro vai para a campanha dos envolvidos”, disse Deltan, que seguiu atirando.
“É como se o juiz do jogo no final decidisse mudar as regras e anular os gols e mudar o resultado porque é isso o que eles tão fazendo”.
As críticas não ficaram circunscritas ao STF. Deltan também bateu em quem, caso ele seja eleito, poderá ser seu colega de profissão no parlamento.
“Quando o pacote anticrime foi enviado ao Congresso, novamente nós vimos o Congresso esvaziar as propostas e vimos ele aprovar em seu lugar regras que amarram o combate à corrução. Nos últimos anos o que a gente passou a ver em Brasília foi uma série de decisões dos três poderes que passaram a anular os avanços, as conquistas alcançadas, que não são minhas, não são de Sergio Moro, não são da Justiça, são da sociedade brasileira. Vimos essas decisões promoverem retrocessos, sempre com honrosa resistência de uma minoria”, disse.