CPMI do 8 de Janeiro ouve ex-ajudante de ordens de Bolsonaro preso em maio
A comissão também deverá votar 57 requerimentos, entre eles a reconvocação de Mauro Cid e a quebra de sigilos da deputada federal Carla Zambelli
A CPMI do 8 de Janeiro vai tomar nesta quinta o depoimento do sargento do Exército Luis Marcos dos Reis, que integrava a equipe da Ajudância de Ordens de Jair Bolsonaro e está preso desde maio por conta falsificação de cartões de vacinação do ex-presidente, familiares e auxiliares dele.
A investigação que levou o sargento e o tenente-coronel Mauro Cid, chefe da equipe de auxiliares de Bolsonaro no Planalto, à prisão levou à descoberta um conjuntos de mensagens golpistas trocadas entre os dois. Ele também encaminhou imagens de sua participação nos ataques ocorridos em Brasília, inclusive na cúpula do Congresso Nacional.
“Nós temos que cada um fazer a nossa força aqui. Representar o nosso país, né? Graças a Deus! Mas foi bonito aqui! É, muita das vezes a televisão fala mentira aí, que… Realmente, é a primeira vez que eu vejo aqui. Entraram no Planalto, no Congresso, Câmara dos Deputados e entrou no STF. E quebrou, arrancou as toga lá daqueles ladrão. Arrancou tudo! Foi, foi… O bicho pegou hoje aqui!”, disse Reis em um áudio às 18h34 do 8 de janeiro, encontrado pela PF.
Documentos recebidos pela comissão também apontaram que Reis teria sido responsável por uma movimentação atípica de recursos financeiros destinados a Mauro Cid, que foi identificada pelo Coaf.
Mas antes do depoimento, a comissão deverá votar uma série de requerimentos (são 57 na pauta), entre eles a reconvocação de Cid e as quebras dos sigilos fiscal, telefônico e telemático da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e de pessoas ligadas a ela — resultado do depoimento do hacker Walter Delgatti Neto à CPMI na semana passada.
Além destes, há pedidos para quebrar sigilos de outros três militares da Ajudância de Ordens de Bolsonaro: o próprio Reis, o coronel Marcelo de Costa Câmara e o tenente Osmar Crivelatti — que também poderá ser convocado.
Também estão na pauta requerimentos referentes à participação de servidores públicos no planejamento e na execução de bloqueios em rodovias no dia do segundo turno das eleições presidenciais do ano passado, com foco na região Nordeste, como as quebras de sigilo de Marília Ferreira de Alencar, ex-diretora de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça, André Saul do Nascimento, gestor da PRF em Santa Catarina, Luís Carlos Reischak Júnior, ex-superintendente da PRF-RS, Marcelo de Ávila e Djairlon Henrique Moura, servidores da PRF.
A comissão pode decidir ainda se convocará o coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues e o subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, da Polícia Militar do Distrito Federal, para tentar identificar quem determinou a abertura da Esplanada dos Ministérios a manifestantes antes do dia 8 de janeiro.