O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou nesta segunda a diminuição do fornecimento de gás natural da Bolívia para o Brasil e insinuou que a decisão é um plano do país vizinho — em conluio com a Petrobras — para prejudicar seu governo, ao mesmo tempo em que favorece eleitoralmente outros atores políticos.
“A Bolívia cortou 30% do nosso gás pra entregar pra Argentina. Como agiu a Petrobras nessa questão também? Parece que é tudo orquestrado. O gás, se tiver que comprar de outro local, é cinco vezes mais caro. Quem vai pagar a conta? E quem vai ser o responsável? É um negócio que parece orquestrado pra exatamente favorecer vocês sabem quem”, disse a apoiadores.
A atuação da Petrobras, inclusive, já desencadeou uma degola no comando da estatal. Na noite desta segunda, Bolsonaro decidiu indicar para o posto o auxiliar de Paulo Guedes na Economia, Caio Paes de Andrade, secretário de Desburocratização do governo. Ele substitui José Mauro Ferreira Coelho, empossado em abril — ele não resistiu porque era um nome indicado por Bento Albuquerque, já demitido por Bolsonaro.
A Petrobras diz que, ao longo do mês de maio, vem recebendo volumes de gás natural inferiores aos firmados em contrato com a boliviana YPFB, o que atinge diretamente o planejamento de operações da empresa.
Como a redução não era prevista, diz a companhia, a escassez no fornecimento implica na necessidade de importação de volumes adicionais de GNL para que sejam atendidos os compromissos de fornecimento da estatal.
O preço do gás natural tem disparado no mercado internacional — puxado, sobretudo, pelos desdobramentos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.