O anúncio da privatização da Eletrobras sacudiu as cadeiras da cúpula de Itaipu Binacional, um consórcio entre Brasil e Paraguai. Não é para menos.
Por aqui, a Eletrobras possui 50% do capital social, e é quem dá as cartas na empresa. Mas Itaipu segue a lógica nefasta das estruturas de economia mista brasileiras.
Os currículos de candidatos a diretores ganham peso conforme a força do político que o indica. E no caso específico da empresa de dupla nacionalidade, a concorrência é grande.
Agora, pelo menos, sabe-se por quê.
Itaipu não resistiu à pressão do deputado João Arruda e enviou ao Congresso o que sempre tratou com status de ultra-secreto: sua folha de pagamento.
Os números são assustadores: O diretor-geral brasileiro recebe 69 656,35 reais em salário.
Os outros cinco executivos (responsáveis pelas áreas Técnica; Administrativa; Financeira; Jurídica; e de Coordenação) têm rendimentos mensais de 67 245,41 reais.
Os holerites do segundo escalão são equivalentes ao de Geraldo Alckmin, governador do maior estado do país.
Dependendo da diretoria a qual está vinculado, um assessor recebe de 5 900 reais a 21 100 reais, pouco menos do que os 21 600 reais pagos ao tucano.
Mas essas figuras, ao menos em tese, precisam bater ponto todos os dias.
E os membros do Conselho de Administração, remunerados por participação em reuniões esporádicas?
Cada um dos cinco conselheiros aparece na folha de pagamento de Itaipu com jetons de 27 061,89 reais.
Assim fica fácil compreender o temor da cúpula de Itaipu com a promessa de privatização da Eletrobras.