Como Eduardo Cunha ajudou a força-tarefa a investigar o PT na Lava-Jato
O delator Tony Garcia revela que o então presidente da Câmara repassou informações contra petistas aos procuradores de Curitiba
O Radar revela, nesta sexta, na edição de VEJA que está nas bancas, o conteúdo explosivo do depoimento do delator Tony Garcia, que denuncia ilegalidades supostamente cometidas por Sergio Moro e pelos procuradores da força-tarefa durante a Operação Lava-Jato.
No próximo dia 9, Garcia vai prestar um novo depoimento à Justiça e promete fazer revelações ainda mais barulhentas sobre os métodos da Lava-Jato.
Nas primeiras fases da Lava-Jato, quando os principais alvos da força-tarefa eram lideranças petistas, Garcia conta que serviu de elo a uma insólita parceria. Procuradores da Lava-Jato usavam Garcia para obter clandestinamente informação sobre os esquemas petistas.
A fonte dessas consultas, feitas por Garcia, era o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Garcia conta que levava questões da força-tarefa ao deputado, que se encarregava de ajudar os procuradores a entender quem operava, quem recebia e quem garantia que o esquema de propina do PT na Petrobras funcionasse.
O depoimento de Garcia oferece um sobrevoo de um passado até então desconhecido da crônica da Lava-Jato: a união — ainda que indireta — dos investigadores da força-tarefa com Cunha para implodir o PT.
Garcia conta, ainda, que, em dado momento, os procuradores enviaram um recado a Cunha, prontamente entregue por ele ao então deputado: “Ele está ajudando, mas diga que, quando chegar a hora dele, vamos prendê-lo”.
ATUALIZAÇÃO, 19H — Eduardo Cunha entrou em contato com o Radar para negar as informações de Tony Garcia: “Nunca tive nada com esse cara. Se ele disser isso no depoimento, vou me oferecer para depor e desmentir”.