Em quase três anos e três meses de governo Jair Bolsonaro, o Ministério da Educação acaba de ter seu quarto ministro demitido. O exonerado desta vez foi o pastor presbiteriano Milton Ribeiro, que deixou o cargo após denúncias de corrupção no repasse de verbas do pasta, em um balcão de negócios comandado por pastores evangélicos.
Trata-se de um recorde de rotatividade desde a redemocratização, considerando o mesmo período de cada gestão, desde o governo de José Sarney.
Antes de Ribeiro, que ficou pouco mais de um ano e oito meses no posto, Carlos Decotelli teve uma passagem relâmpago pelo MEC, com apenas cinco dias entre sua nomeação e a exoneração. Ele sequer chegou a tomar posse, por conta do escândalo das falsificações no seu currículo.
O segundo ministro da Educação de Bolsonaro foi o polemista Abraham Weintraub, titular da pasta durante pouco mais de um ano. Seu antecessor foi o colombiano Ricardo Vélez Rodríguez, o primeiro ministro demitido no governo, pouco mais de três meses depois de assumir.
Nos primeiros três anos e três meses dos respectivos mandatos (apesar de nem todos terem alcançado essa duração), os presidentes que governador o Brasil desde 1985 demitiram no máximo dois ministros da Educação. Foi o caso com Dilma Rousseff, nos dois mandatos, Lula, no primeiro, Fernando Collor de Mello e José Sarney.
Já Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso tiveram apenas um titular do MEC.
Veja abaixo a comparação da rotatividade do Ministério da Educação entre o governo Bolsonaro e os de seus antecessores, nos mesmos períodos:
Jair Bolsonaro
Ricardo Vélez Rodríguez – 1º de janeiro de 2019 a 8 de abril de 2019
Abraham Weintraub – 9 de abril de 2019 a 19 de junho de 2020
Carlos Decotelli – 25 de junho de 2020 a 30 de junho de 2020
Milton Ribeiro – 16 de julho de 2020 a 28 de março de 2022
Michel Temer
Mendonça Filho e Rossieli Soares
Dilma Rousseff (2º mandato)
Cid Gomes, Renato Janine Ribeiro e Aloizio Mercadante
Dilma Rousseff (1º mandato)
Fernando Haddad, Aloizio Mercadante e José Henrique Paim
Lula (2º mandato)
Fernando Haddad
Lula (1º mandato)
Cristovam Buarque, Tarso Genro e Fernando Haddad
Fernando Henrique Cardoso (nos dois mandatos)
Paulo Renato Souza
Itamar Franco
Murílio de Avellar Hingel
Fernando Collor de Mello
Carlos Chiarelli, José Goldemberg e Eraldo Tinoco
José Sarney
Marco Maciel, Jorge Bornhausen e Hugo Napoleão do Rego Neto