CNJ alerta para fenômeno das holdings do crime organizado na Amazônia
Traficantes e milicianos se uniram a políticos corruptos e pistoleiros para formar operações que atuam em diferentes ações criminosas na floresta
A COP 30, no Pará, em 2025, terá um cenário de guerra a explorar nas discussões sobre proteção da Amazônia. Uma investigação do CNJ descobriu verdadeiras holdings do crime na floresta. O trabalho foi realizado pelo conselho em parceria com a Associação de Magistrados do Brasil e com a Associação Brasileira de Jurimetria.
Traficantes e milicianos se uniram a políticos corruptos e pistoleiros para formar operações — já foram encontradas no Acre e na fronteira do Mato Grosso com a Bolívia, mas estão em outras regiões amazônicas — que atuam em diferentes ações criminosas. Uma única organização, por exemplo, consegue lucrar contrabandeando madeira, drogas e ouro do garimpo ilegal.
“É o caso de uma organização criminosa encontrada no garimpo denominado Serra do Caldeirão, na fronteira com a Bolívia, em processo do Mato Grosso. O mesmo fenômeno ocorreu no Acre. Também há relatos de garimpeiros que utilizam as aeronaves também para drogas. O que demonstra que a relação entre crimes ambientais e tráfico de drogas está muito mais forte e ligada do que se pensou anteriormente, sendo que esse modus operandi criminoso está perpassando vários estados do Norte do país. A cadeira de corrupção de agentes públicos para crimes ambientais também abre margem para a corrupção em favor de outros crimes mais graves”, diz o relatório do CNJ.
O CNJ quer identificar os cabeças dessas organizações e os clientes que dela se beneficiam nessa grande engrenagem criminosa. “Se deve pensar em políticas que priorizem a apuração macro e sistêmica desses crimes, preponderando a identificação do mandante ou dos líderes dessas organizações criminosas, bem como dos segmentos econômicos que delas dependem, e não simplesmente a ponta da autoria”, diz o relatório.