CNJ abre processo disciplinar contra desembargador ligado a Bolsonaro
Corregedor vê indícios de infrações em conduta de Marcelo Buhatem, que já teve redes sociais suspensas por espalhar fake news

O corregedor nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão, abriu de ofício uma reclamação disciplinar contra o desembargador Marcelo Lima Buhatem, do TJ-RJ, conhecido por ter viajado com Jair Bolsonaro para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 2021.
Buhatem é presidente da Associação Nacional de Desembargadores. Em outubro do ano passado, teve suas contas no Twitter e no Facebook suspensas pelo CNJ por espalhar fake news sobre Lula durante as eleições.
“A partir das verificações que se procederam, destacaram-se comportamentos (de Buhatem) que podem representar ausência de alinhamento a ritos procedimentais e à conduta que se exige de um magistrado”, escreve Salomão no despacho em que abre o processo disciplinar e intima o desembargador a prestar esclarecimentos.
Segundo o corregedor, a “potencialidade” de condutas de Buhatem configurarem infrações disciplinares – uma delas seria a paralisação irregular de processos – demanda uma apuração específica.
“Constatou-se deficiência na gestão do acervo (do gabinete de Buhatem); morosidade excessiva na condução dos feitos (em secretaria e no gabinete), assim como desrespeito à ordem cronológica da distribuição para solução das demandas”, afirma Salomão no despacho.
O relatório que embasou a decisão contra Buhatem foi elaborado pelo desembargador Carlos von Adamek, que foi responsável pela correição.