Chefe do serviço secreto, Ramagem deixou várias pistas de crimes para a PF
Araponga utilizou-se de seu cargo para produzir relatórios ilícitos com informações falsas para atacar o sistema eleitoral e o STF, mostra relatório
Chefe da Abin durante a gestão de Jair Bolsonaro, Alexandre Ramagem teve um papel ativo na trama golpista, segundo mostram as provas colhidas pela Polícia Federal.
Em sua comunicação quase diária com Bolsonaro, agia para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro e produzir conteúdos para atacar adversários do presidente e até ministros do STF.
Segundo o relatório do plano de golpe de Estado apresentado ao Supremo, Ramagem atuou em diferentes frentes na trama golpista. Para os investigadores, ele solicitava e recebia documentos que atacavam as urnas eletrônicas para municiar o então presidente com estratégias para fustigar as instituições democráticas e o Poder Judiciário. A versão fantasiosa de fraudes nas urnas era, segundo a PF, a forma como o bolsonarismo acostumaria a população a aceitar um golpe de Estado, quando ele fosse consumado.
Para atingir esses objetivos, Ramagem utilizou-se de seu cargo para produzir relatórios ilícitos com informações falsas para atacar o sistema eleitoral. Ele elaborou documentos como “Presidente TSE informa.docx” e “Bom dia Presidente.docx”, que continham informações e estratégias para atacar as urnas eletrônicas.
Em outra frente, Ramagem tinha o papel, segundo a PF, de planejar instrumentos jurídicos para obstruir investigações. Ele trabalhava com o general Augusto Heleno, então chefe do GSI, para criar mecanismos que impedissem autoridades policiais de cumprir ordens judiciais contra a organização criminosa. Detalhe: Ramagem, um policial federal, queria prender… policiais federais que cumpriam seu dever, segundo o relatório levado ao STF.
O araponga também ajudava a criar e disseminar informações falsas por meio do gabinete do ódio e da rede de seguidores de Bolsonaro. Ramagem, segundo a PF, coordenou ações clandestinas com seus subordinados para criar e espalhar informações falsas sobre ministros do STF, por exemplo.
Para um chefe do serviço secreto, chega a ser cômico que o araponga tenha deixado tantas mensagens e rastros de condutas irregulares no caminho da Polícia Federal.