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Chefe da Anvisa faz discurso em resposta a Bolsonaro; leia a íntegra

Indicado para o cargo por Bolsonaro, Antonio Barra Torres defendeu o uso da vacina da Pfizer para crianças e disse que mais de 1.600 participaram da decisão

Por Gustavo Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 dez 2021, 16h35

Cerca de duas horas depois de Anvisa divulgar uma dura nota em resposta à ameaça de Jair Bolsonaro aos servidores do órgão, o chefe da agência, Antonio Barra Torres, fez há pouco um discurso de pouco mais de dez minutos em defesa da decisão de autorizar o uso da vacina da Pfizer para crianças a partir de cinco anos e com uma série de recados velados ao presidente, que o indicou para o cargo em 2019.

Contra-almirante da Marinha e médico, Barra Torres tem mandato no comando da Agência Nacional de Vigilância Sanitária até o fim de 2024 e tem deixado Bolsonaro furioso por não poder demiti-lo.

Na sua live semana, na noite desta quinta, o presidente disse ter pedido uma lista, de forma “extra-oficial”, para que “todos tomem conhecimento” dos nomes dos responsáveis pela aprovação do imunizante na Anvisa.

Na abertura da Reunião Ordinária Pública da Diretoria Colegiada da Anvisa, iniciada por volta das 15h10, ele abriu os trabalhos respondendo indiretamente ao presidente e disse que os integrantes de todas as agências encontram-se disponíveis ao conhecimento e ao acesso nos portais da Transparência do governo.

Afirmou ainda que a lista de responsáveis pela decisão desta quinta teria mais de 1.600 nomes e que ele estaria entre os primeiros, por ordem alfabética, acrescentando que a medida teve o apoio de toda a diretoria da Anvisa.

O diretor-presidente também ressaltou que a decisão de vacinar crianças é dos pais ou responsáveis e que a acredita no convencimento das pessoas sobre os benefícios da vacinas, e não na obrigação. “E é esse convencimento que levou multidões a procurar, voluntariamente, os postos de vacinação”, comentou.

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Barra Torres disse ainda que o inimigo é o vírus e que não é tempo de violência e de “sentimentos menores”.

Leia abaixo a íntegra do discurso de Barra Torres:

“Antes da condução da nossa reunião de hoje, alguns esclarecimentos prévios se fazem necessários em face dos últimos dias. Eu me dirijo à senhora e ao senhor cidadãos brasileiros que ora nos assistem e acompanharam o relevante, o importante tema da vacinação para crianças em nosso país. Eu venho esclarecer à senhora e ao senhor que esta agência nacional trabalhou no caso das vacinas para crianças no estrito cumprimento do seu próprio ofício.

Recebemos material científico pré-avaliado de laboratório desenvolvedor, fruto de reuniões com nossas equipes com todas as outras vacinas. É o nosso ofício, é o nosso trabalho, do qual nós retiramos o sustento das nossas famílias, através do qual nós pagamos as nossas contas. E temos orgulho, privilégio de saber que o fruto desse trabalho tem por objetivo a proteção, a saúde da nossa população.

Esse trabalho é feito muito antes de que eu mesmo chegasse aqui, em 2019. A agência já tem 22 anos. Nessas duas décadas de trabalho silencioso, em que provavelmente muito da nossa atividade não era conhecida, pelo menos não tão conhecida quanto é hoje, outras vacinas, outros medicamentos foram analisados por essa mesma equipe. Resultados foram produzidos e foram disponibilizados, entre outros setores, no caso das vacinas e dos imunizantes, ao Ministério da Saúde, que é o gestor, é o responsável pelo Programa Nacional de Imunizações.

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A nossa agência nacional não vacina ninguém, ela não não injeta no braço de ninguém a vacina. O gestor do Sistema Nacional de Imunizações, responsável por certo, se não pelo maior, por um dos maiores programas de imunizações do mundo, é o Ministério da Saúde, e, portanto, o governo federal.

Fruto da forte tradição de vacinas do povo brasileiro, cultivada há décadas, mantida há décadas no foco e na atenção da população brasileira, temos hoje uma situação vacinal no Brasil que caminha para ser considerada boa, muito boa, com índices significativos de nossa população vacinadas com primeira e segunda dose. É esse programa vitorioso, pela adesividade da população e pela sua capacidade de fornecer vacinas a multidões que hoje estamos mais próximos de tempos melhores em relação à Covid-19.

Será este mesmo programa nacional que analisará a liberação que fizemos no dia de ontem, quanto às vacinas para a faixa etária de cinco a 11 anos. Estamos em análise com vacina para a faixa etária dos 13 aos 17. É o trabalho da agência, puro e simples. É o trabalho que sempre foi feito, e agora não é diferente.

Defendemos sempre na agência os moldes de voluntariado. Não nos parece razoável obrigar pessoas a serem vacinadas. Acreditamos no convencimento. E é esse convencimento que levou multidões a procurar, voluntariamente, os postos de vacinação.

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Na questão das crianças, foram ouvidos, e melhor do que isso, trabalharam conosco, lado a lado, nas discussões e análises, as sociedades brasileiras de Pediatria, de Imunologia, de Infectologia, de Pneumologia e Tisiologia. Profissionais de alta estirpe no Brasil, com sólida capacitação técnica, que forneceram solidez à decisão emitida em tempo recorde. Não houve, de maneira nenhuma, demora. Não houve, de maneira nenhuma, tempo excessivo. 17 dias foi o período que apresentamos. Período esse mais célere que inúmeras outras agências por vezes muito mais aquinhoadas de pessoa do que a nossa pequena porém grandiosa Anvisa.

Lembramos que sobre a vacinação para as crianças reside aquilo que outrora chamava-se o pátrio poder, modernamente o poder familiar, onde a decisão de vacinar, sim ou não, não é da Anvisa, não é do Ministério da Saúde, e é sim dos pais ou responsáveis pela criança. Tudo isto está preservado, está bem definido.

Embora a decisão de ontem fosse uma decisão da nossa área técnica, das gerências gerais envolvidas, fizemos questão de colocar de público o apoio integral de toda a diretoria colegiada. Quando as resoluções da Anvisa, sejam elas de nível diretoria ou nível gerência, são tornadas públicas em Diário Oficial da União, passam a ser decisões, posições, estabelecimentos da Anvisa, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Os integrantes de quaisquer agências, especificados por área de atuação, encontram-se disponíveis ao conhecimento e ao acesso nos portais da Transparência do governo. Assim é há muito tempo, assim é no dia de hoje.

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Na decisão que foi tornada pública no dia de ontem, se formos consultar todas as pessoas que ali contribuíram direta ou indiretamente para que aquele posicionamento fosse estabelecido, essa lista por certa contaria com mais de 1.600 nomes, porque todas as nossas atividades estão entrelaçadas. E desses 1.600, até por questão de ordem alfabética, e não de importância, porque todos são essenciais, seguramente na letra A o meu nome vai estar lá, como um dos primeiros, pela minha inicial. E também lá estarão os nomes de toda a diretoria da Anvisa.

Na decisão de ontem, estamos todos juntos. Somos legalistas, somos cumpridores daquilo que a lei determina, teremos total tranquilidade em fornecer que a nós venham a ser solicitadas quanto às participações em nossos atos de análise administrativas. Faremos assim com a mesma serenidade que buscamos manter em mares tormentosos.

Não faz muito tempo, fomos ameaçados com morte, com perseguição, com uma série de outros atos criminosos. Isso aconteceu no mês de outubro e logo no iniciozinho de novembro, o que somou a um trabalho que já é muito difícil, complexo, desgastantes, preocupações completamente desnecessárias.

Rogamos a Deus que, nos aproximando do final deste ano, no mês em que o dia 25 nos remonta ao amor, à fraternidade, ao bom entendimento entre os povos, que esse bom entendimento contagie, no contágio do bem, o coração de todos aqules que, como nós, entendem que o inimigo é um só, e ele não é a nossa imagem e semelhança. É o inimigo insidioso, silencioso, furtivo, mas que já golpeou nosso coração mais de 600 e tantas mil vezes, nos tirando nosso entes queridos, os amores de alguém cujo coração hoje se mantém envolto em luto e em dor. E tantas outras famílias, que se não aguilhoadas pelo fantasma da morte, hoje precisam conviver com sequelas, precisam conviver com restrições às suas vidas.

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Não é tempo de violência. Não é tempo de sentimentos menores. A luta ainda vai longa. Precisamos manter máscara, evitar aglomeração que pode ser evitada, a boa higienização de mãos, e lembrar que o eixo do combate a esta pandemia é e continuará sendo vacina, vacina e vacina.

Obrigado a todos que acompanharam a nossa decisão no dia de ontem, viram de maneira transparente como ela foi estabelecida, e que hoje manifestaram por diversas instituições e pessoas físicas o apoio ao nosso trabalho com o qual sustentamos nossas famílias, que é o de proteger a saúde do cidadão.

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