Aloizio Mercadante e sua gestão no Ministério da Educação estão no centro de um caso de censura ao trabalho jornalístico da Agência Brasil.
Segundo relata a própria ouvidoria da agência, em 2 de agosto, o portal levou ao ar a reportagem intitulada “MEC diz não ter plano B em caso de continuidade da greve dos professores”, sobre a posição da pasta e as perspectivas para as negociações com os sindicatos dos professores grevistas das universidades e institutos técnicos federais.
Na versão original, o texto citava dois secretários do MEC como fontes da informação de que o governo “não teria plano B”, caso o acordo não fosse aceito pelos grevistas. Misteriosamente, uma hora depois da publicação, o texto foi alterado.
O novo título se transformou em um texto institucional do ministério de Mercadante: “MEC acredita no fim da greve nas universidades e diz que aguarda desdobramentos dos fatos”.
O título sobre o “plano B” sumiu e uma nota foi colocada no final da matéria justificando a mudança em decorrência de “um erro de interpretação”. Quantas interpretações o repórter poderia fazer para a afirmação dos secretários de que “o governo não tinha plano B”?
A interferência flagrante na reportagem fez com que a própria diretoria de jornalismo da agência reconhecesse a pressão do MEC, mas veja só, a diretoria tratou o caso como algo normal:
— O que ocorreu é que foi detectado um erro na matéria e, assim como qualquer cidadão, que pode e deve nos alertar de um erro, a assessoria do Ministério da Educação tomou a iniciativa em relação.
Repórteres da Agência Brasil que presenciaram os desdobramentos do caso dizem que a interferência dos assessores de Mercadante não foi simplesmente “um alerta”. A operação para apagar a sinceridade dos secretários de Mercadante foi resumida pela ouvidoria da agência assim:
— As alterações foram além de meras correções de informações erradas. Portanto, as acusações de censura e interferência deveriam ser levadas a sério.