Há tempos Waldery Rodrigues, o secretário especial de Fazenda, serve de sparring para colegas de Paulo Guedes descontentes com alguma promessa descumprida pelo chefe da Economia. A regra é simples. Como não dá para mirar em Guedes sem enfraquecer o próprio governo, a saída é atirar no subordinado para pressionar o chefe a atender seus pleitos.
Daí porque a promessa de cartão vermelho, feita por Jair Bolsonaro nesta terça, encheu de esperança algumas figuras da Esplanada desejosas em desmontar essa lógica na Economia. É verdade que só na superpasta de Guedes é que um secretário acumula tanto poder quanto Waldery. Mas o problema, a turma costuma dizer, é que “Guedes promete e o Waldery não entrega”, como se fosse jogo combinado, o jogo do bom e do mau policial.
Os colegas de Guedes, naturalmente, sabem. Como subordinado em lugar nenhum desobedece ordens do chefe sem consequências, a desenvoltura de Waldery só evidencia seu papel de escudeiro de Guedes.
No caso em questão, a ideia de congelar aposentadorias se soma a uma série de medidas que punem a parte de baixo da pirâmide. Waldery sozinho não teria força para fazer algo assim, mas poderá ficar com a conta.
Nesta segunda, ele levantou a bola ao dizer que a equipe econômica defendia desvincular os benefícios previdenciários, como aposentadorias e pensões, do salário mínimo, o caminho para o congelamento. Bolsonaro chamou Guedes para uma conversa e ameaçou tirar o cartão do bolso. A torcida se animou na arquibancada.