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Braga Netto confirma reclamação de Bolsonaro sobre ‘segurança do Rio’

Insatisfação do presidente seria com o GSI, sustentou o general, admitindo, porém, 'queixas' do presidente sobre investigação do porteiro no caso Marielle

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 12 Maio 2020, 20h40 - Publicado em 12 Maio 2020, 19h56

O ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, concluiu há pouco seu depoimento de seis páginas aos delegados da Polícia Federal que foram ao Palácio do Planalto interrogá-lo sobre as acusações de Sergio Moro contra Jair Bolsonaro.

Nos questionamentos mais contundentes sobre a suposta interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal, o ministro preferiu não responder de forma completa ou socorreu-se em falhas de memória e suposto desconhecimento para amenizar sua posição e a de outros ministros.

Braga Netto foi questionado sobre a expressão usada por Bolsonaro no vídeo da reunião de 22 de abril, que tinha “intenção de trocar a segurança no Rio de Janeiro”. Ele disse que “entende que se tratava de segurança pessoal do presidente, a cargo do GSI, não tendo referência à Polícia Federal”.

“Na perspectiva do depoente, ao citar ‘segurança do Rio de Janeiro’, o presidente apenas fez referência para ilustração de sua insatisfação”, disse Braga Netto.

O general disse que Bolsonaro “se queixava de não terem sido esclarecidos por completo os fatos relacionados ao porteiro do seu condomínio (alvo de investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco), nem muito por ele, mas por se tratar de fatos relacionados ao cargo de presidente da República”.

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“Na reunião de 22 de abril, o presidente não chegou a se expressar sobre a substituição do superintendente da PF no Rio, reservando-se a expressar inquietude, como já dito, sobre os dados de inteligência do Sisbin, mais precisamente dos dados que deveriam ser fornecidos pela Defesa Nacional e Abin”, disse Braga Netto.

Sobre a insistência de Bolsonaro para colocar Alexandre Ramagem no comando da Polícia Federal, o general afirmou que “não sabe informar a razão pela qual o presidente teve a intenção de nomear o delegado ao cargo de diretor da PF”.

Braga Netto disse que nunca ouviu o Bolsonaro mencionar a possível troca do superintendente da Polícia Federal no Rio de Janeiro. Ele também disse que não se comprometeu a falar com o presidente para demovê-lo da ideia de trocar o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.

“O depoente conversou com o ex-ministro Sergio Moro, estando ainda presentes os ministros Heleno e Ramos. Na ocasião, o ex-ministro revelou aos presentes que o presidente permanecia com a ideia de uma troca na direção-geral da PF, porém ele, exministro Moro, não concordava com a interferência específica nessa substituição e teria uma biografia a manter”, disse Braga Netto.

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Segundo Braga Netto, como Moro estava nervoso, “para acalmar o ex-ministro”, ele e os demais generais disseram “vamos conversar”, destacando a “necessidade de manter o canal de comunicação aberto entre todos”.

“Porém, não houve o compromisso de demover o presidente dessa intenção. Ao se referir acalmar o ex-ministro, o depoente esclarece que Sergio Moro teve essa conversa em tom de desabafo apenas, em tom de reclamação”, disse Braga Netto.

Braga Netto negou que tenha mantido conversa com Bolsonaro para buscar um nome intermediário para a PF, que fosse do agrado de Moro e do Planalto, e disse desconhecer se seus colegas, Ramos e Heleno, tiveram algum contato com Bolsonaro no mesmo sentido.

O general disse não se recordar “de o ministro Heleno ter afirmado, em qualquer oportunidade, que o tipo de relatório de inteligência de interesse do presidente não poderia ser fornecido”.

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