Boulos aciona Tarcísio e Nunes na Justiça Eleitoral após fala sobre PCC
“Trata-se de gravíssima tentativa de influenciar no resultado do pleito, no dia da eleição, de uma forma jamais vista”, diz candidato do PSOL
Guilherme Boulos entrou com uma ação na Justiça Eleitoral por abuso de poder político contra Tarcísio Gomes de Freitas, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e seu candidato a vice, o coronel Mello Araújo (PL), depois de o governador de São Paulo dizer neste domingo que teria havido um “salve” do PCC orientando voto no candidato do PSOL no segundo turno da eleição paulistana.
“Trata-se de gravíssima tentativa de influenciar no resultado do pleito, no dia da eleição, de uma forma jamais vista no Estado de São Paulo”, diz Boulos na ação de investigação judicial eleitoral.
A pena em caso de condenação é de inelegibilidade de oito anos e cassação do registro ou diploma do candidato “diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação”, segundo a Lei Complementar 64 de 1990.
Tarcísio deu a declaração em entrevista a jornalistas depois de votar no Colégio Miguel de Cervantes, por volta das 12h deste domingo. “Teve o salve, teve o salve… Houve interceptação de conversas e de orientações que eram emanadas de presídios, por parte de uma facção criminosa, orientando pessoas em determinadas áreas a votar em determinados candidatos. Houve essa ação de inteligência, houve essa interceptação, agora isso não vai ter influência nenhuma na eleição”, disse o governador.
Ao ser perguntado por uma repórter qual era o candidato em que, segundo as informações que o governador alegava ter, a facção criminosa orientava seus comparsas a votar, Tarcísio respondeu: “Boulos.”
Ministros de Lula reagem
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que, no primeiro turno, houve o laudo falso apresentado por Pablo Marçal, e, no segundo, um “salve falso” e “desespero” do governador de São Paulo.
“A virada do 50 deixou muita gente desesperada”, escreveu o petista em seu perfil no X.
Também no X, o chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, o ministro Paulo Pimenta classificou a declaração de Tarcísio como “uma vergonha”.
“Mostra o desprezo aos princípios republicanos que ele deveria respeitar. Esse comportamento não pode ser ignorado pelas autoridades. Tarcísio de forma covarde cometeu um crime e deve ser responsabilizado por isso”, escreveu.
O ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, declarou que a fala do governador “compromete os princípios republicanos que deveriam guiar o processo eleitoral”. “Tal comportamento não pode ser ignorado pelas autoridades competentes, principalmente no que tange à preservação da integridade das eleições”, defendeu.