Quase que no mesmo lance em que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devolvia a medida provisória editada por Jair Bolsonaro, no feriado, para animar a torcida do 7 de setembro, a ministra Rosa Weber anunciou nesta terça, no STF, o veto à mesma matéria.
As decisões, juram interlocutores do Senado e do Supremo, não foram combinadas. Pode até ser. Muita conversa entre figuras do Legislativo e do Judiciário ocorreu desde que o presidente convocou aliados para protestar contra a democracia. É certo que tanto aliados de Pacheco quanto ministros do Supremo já haviam concordado sobre a necessidade de enterrar a MP de Bolsonaro, por sua flagrante ilegalidade, diga-se. Difícil será convencer Bolsonaro de que as respostas dos dois poderes não foram combinadas para funcionarem como uma espécie de “troco” dos insultados do feriadão.
Pacheco virou alvo da milícia bolsonarista nas redes desde que Alexandre de Moraes, do STF, decidiu prender o cacique do PTB Roberto Jefferson por ameaças golpistas contra a democracia. Aguentou calado. A quem cobrou dele uma reação, lembrou que não fará como Rodrigo Maia, que pegou a pilha de Bolsonaro e terminou por atrapalhar a agenda propositiva da Câmara.
O chefe do Senado sabe que o bolsonarismo implodiria sua posição se pudesse, mas não vai alimentar a briga. Sabe que no campo do conflito quem ganha é Bolsonaro. Mineiro, Pacheco fará o que fez nesta terça. Foi ao Planalto receber mais um dos prêmios inúteis do governo, saiu na foto com Bolsonaro, mas, no fim do dia, não deixou de fazer o que planejou fazer. No STF o espírito é o mesmo. A agenda de país é superior ao barulho do Planalto. Foco no que imposta.