Em seu depoimento, o ministro Luiz Eduardo Ramos seguiu o roteiro dos colegas Walter Braga Netto e Augusto Heleno ao afirmar que as cobranças de Jair Bolsonaro, na reunião citada por Sergio Moro, não tinham objetivo de pressionar por interferência política na Polícia Federal.
O presidente, segundo Ramos, estava descontente com a qualidade dos relatórios de inteligência que recebia tanto da PF quanto da Abin e das Forças Armadas. O presidente, segundo o ministro, teria ameaçado, na reunião, “interferir em todos os ministérios para obter melhores resultados de cada ministro”.
“Nessa reunião, o presidente se manifestou de forma contundente sobre a qualidade dos relatórios de inteligência produzidos pela Abin, pelas Forças Armadas e pela Polícia Federal, entre outros, e acrescentou que para melhorar a qualidade dos relatórios, na condição de presidente da República, iria interferir em todos os ministérios para obter melhores resultados de cada ministro”, disse Ramos.
O ministro ainda citou uma frase de Bolsonaro aos ministros: “Vocês precisam estar comigo”. O objetivo do chamado, segundo o ministro, era promover a “necessária a união para o governo atingir seus objetivos”.
Ramos, a exemplo de Braga Netto e de Heleno, socorreu-se na falha de memória quando as perguntas abordaram pontos cruciais da acusação de Sergio Moro sobre a pressão do presidente para demitir o superintendente da PF no Rio e o diretor da corporação. Nesses casos, Ramos não se recordou de episódios citados na reunião e disse que só viu uma pequena parte do vídeo.
Ramos, a exemplo dos colegas, admitiu ter se reunido com Moro e ouvido as reclamações dele de que o presidente desejava interferir nos rumos da PF, mas afirmou que não chegou a conversar com Bolsonaro sobre Moro e que tentou, por iniciativa própria, pacificar a situação, percebendo que não seria possível posteriormente.