Bolsonaro aproveita o gol vazio para golear Lula na sabatina de VEJA
Presidente apresentou propostas e lembrou do passado de corrupção dos governos do PT: 'Lula continua a ser uma pessoa criminosa'
A nove dias da eleição, Lula decidiu faltar ao debate promovido pelo maior pool de veículos de comunicação — VEJA, SBT, CNN, NovaBrasil e Estadão/Eldorado — do país. Fugiu do confronto direto com Jair Bolsonaro por considerar mais lucrativo para ele evitar o desgaste do duelo com o presidente.
Bolsonaro, então, foi sabatinado por uma hora em rede nacional, com transmissão pela internet e ampla cobertura de todos os veículos. Sem o adversário para se defender, Bolsonaro passou uma hora chutando para o gol vazio. Para sorte de Lula, o presidente até bateu pouco no petista.
Ao ser questionado pelos jornalistas, lembrou que Lula quer regular a mídia, bateu no aparelhamento político promovido pelo PT nas estatais, que levou ao assalto de fundos de pensão de servidores, penalizados até hoje com cortes nos salários para repor o dinheiro roubado. “O outro governo mergulhou em corrupção”, disse Bolsonaro.
O presidente martelou a diferença entre os valores pagos pelo PT, no Bolsa Família, e o atual benefício concedido pelo governo de 600 reais. Criticou Lula por esconder os ministros que prende indicar ao governo e lembrou a posição do PT de votar contra, no Congresso, as medidas sobre redução dos preços dos combustíveis.
Ao falar da Lava-Jato, Bolsonaro fez seu ataque mais duro a Lula: “Foi condenado em três instâncias. Continua a ser uma pessoa criminosa”, disse o presidente. “Se o Lula voltar, vai ser uma desgraça para todo o Brasil”, complementou.
Bolsonaro também falou que Lula ataca os valores familiares e defende a legalização das drogas, entre outras acusações vistas nessa campanha.
Para quem correu do debate, Lula acabou apanhando pouco. Poderia ter sofrido duros ataques que, sem defesa, seriam repercutidos durante toda a última semana de campanha.
Bolsonaro teve tempo para anunciar uma live com o jogador Neymar e outros apoiadores de sua campanha neste sábado e mostrou seu número na urna durante um longo período da entrevista.
O presidente, ainda que sem um adversário para duelar, mostrou que segue sendo seu pior opositor. Fez gol contra ao não atestar que irá aceitar o resultado das urnas. Condicionou tal posição ao trabalho das Forças Armadas que, sabe-se, não têm atribuição de avalista do pleito. Também perdeu oportunidades de mostrar moderação ao criticar a proposta de criminalização de fake news. Por fim, terminou sua fala sem pedir votos ao eleitorado, algo básico para um candidato.