A investigação da Polícia Federal contra o esquema de espionagem ilegal montado no governo de Jair Bolsonaro mostra que o então chefe da Abin, Alexandre Ramagem, ordenou que o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia e a ex-deputada Joice Hasselmann, notórios desafetos do ex-presidente, fossem submetidos a “vigilância” dos espiões.
“Os episódios em estudo receberam denominações que indicam o seu principal objeto. Assim, estão catalogados (…) ‘vigilância de Rodrigo Maia e Joice Hasselmann determinada pelo delegado de Polícia Federal Alexandre Ramagem'”.
Ao autorizar as buscas, o ministro Alexandre de Moraes detalhou as ações ilegais da Abin paralela bolsonarista contra Maia e Joice. “A Polícia Federal indica, também, que os investigados, sob as ordens de Alexandre Ramagem, utilizaram a ferramenta First Mile para monitoramento do então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, da então deputada federal Joice Hasselmann e de Roberto Bertholdo”, diz Moraes.
“A representação em exame fala também no monitoramento injustificado pelo FirstMile do advogado Roberto Bertholdo, que teria proximidade com os ex-deputados federais Joice Hasselmann e Rodrigo Garcia, à época tidos como adversários políticos do governo”, diz a PF.
A Polícia Federal descobriu que uma das missões dos arapongas contra Maia e Joice girou em torno de um jantar em que estavam o futuro presidente do União Brasil, Antônio Rueda, e o então ministro da Justiça bolsonarista, Anderson Torres.
“Foi possível observar que a estrutura paralela instalada na Abin monitorou o ‘proprietário’ da Pajero Full tão somente em razão de determinado encontro (jantar) em que estavam presentes o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a deputada Joice Hasselmann e o advogado Antônio Rueda, tendo comparecido ao evento o delegado Anderson Torres, mas tendo sido propositalmente omitida a sua presença”, diz a decisão de Moraes.