O empresário israelense Beny Steinmetz notificou o corregedor nacional do Ministério Público Federal (MPF) para que o procurador Alberto Rodrigues explique os motivos de ter informado à Vale sobre um arquivamento de notícia crime que foi feita contra a própria mineradora e que deveria ser sigilosa. Steinmetz trava uma briga bilionária com a Vale por conta das minas de minério de ferro em Simandou, na República da Guiné, e entregou ao MPF uma série de e-mails trocados entre executivos da empresa brasileira dando conta de conversas com George Soros para interferência com o governo da Guiné. Estes e-mails e uma série de documentos, segundo documento enviado ao corregedor, estavam ainda em processo de tradução quando o procurador resolveu arquivar o processo, sem informar a Steinmetz, que era o denunciante. O empresário se diz surpreso de ter ficado sabendo do arquivamento via um comunicado ao mercado da Vale, que deveria ser a investigada.
O comunicado da Vale, feito na semana passada, diz que o MPF arquivou a notícia crime por considerar “incomodamente inespecífico” a notícia crime feita por Steinmetz. A Vale disse ainda que o MPF havia concluído que os documentos apresentados “não contêm elementos que indiquem sequer em tese a ocorrência de crime de corrupção ativa ou de tráfico de influência internacional” e que era uma “conclusão falaciosa e inconsistente” a de que executivos teriam, em 2011, oferecido alguma vantagem indevida a Soros por conta dos negócios na Guine.
Steinmetz perdeu um processo arbitral, em Londres, onde Vale alegou que não sabia dos processos de corrupção que Steinmetz estaria envolvido. Quando a Vale foi executar a sentença, de cerca de 2 bilhões de dólares, em uma corte em Nova York, o empresário israelense começou uma contra ofensiva para tentar provar que a Vale não só sabia de tudo o que acontecia na Guiné como a própria empresa teria tentado alternativas pouco transparentes, sem informar os acionistas.
Em nota, a Vale alegou o que segue:
“A decisão de arquivamento do MPF determinou que fosse dada ciência de seu teor ao interessado, bem como tendo a Vale procuração nos autos, foi formalmente comunicada do arquivamento. Em nenhum momento houve vazamento e essa é mais uma das falácias do Sr. Steinmetz, agora tentando investir contra o próprio MPF, na pessoa do Procurador da República oficiante nos autos.
No Brasil, o princípio da publicidade é um princípio constitucional e que visa privilegiar a transparência, garantir o direito de acesso à informação (especialmente quando fundamental a dissipar as distorções que o Sr. Steinmetz vem divulgando sobre uma empresa de capital aberto) e assegurar a prestação de contas das atividades dos órgãos e agentes públicos.”