Os gestores dos parques naturais de preservação ambiental sentiram o baque de cortes de orçamento por todo país. A pesquisa anual do Instituto Semeia, que neste ano entrevistou funcionários de 370 parques brasileiros, mostra que apenas 27% dos gestores dizem que têm recursos suficientes para gerir as unidades. Na pesquisa do ano anterior, esse percentual era de 40%. Equipes enxutas e falta de infraestrutura básica também são pontos de alerta. Na média, os parques possuem apenas um funcionário responsável por 11 mil hectares, quase cerca de 11 mil campos de futebol. O quadro se agrava com o percentual altíssimo de conflitos relatados pelos funcionários e gestores dos parques. Ao todo, 86% deles relatam algum tipo de conflito com caçadores, pescadores, mineradores, agropecuaristas, madeireiros, entre outros.
Segundo a responsável do estudo, Mariana Haddad, a gestão desses parques é altamente qualificada, mas o orçamento reduziu drasticamente afetando visitação e preservação. Para se ter um exemplo, o governo federal cortou para este ano em 40% o orçamento para o ICMBio, que é o órgão responsável pelos parques federais. Mariana lembra que os governos deveriam neste momento dar atenção especial aos parques naturais, que num cenário de pandemia são a melhor alternativa de passeio, ao ar live. No caso dos parques nacionais, outra preocupação é com a fusão ICMBio com o Ibama, que pode reduzir a fiscalização e desmobilizar o sistema de gestão das unidades.