As estatais se transformaram na maior dor de cabeça dos investidores depois de o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva indicar o ex-ministro Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES e de a Câmara aprovar uma mudança na Lei das Estatais para blindar as escolhas de Lula. A Eletrobras, contudo, foi privatizada e deixou de ser um problema para o mercado. Apesar dos burburinhos de uma eventual reversão da privatização terem sido ventilados durante a campanha eleitoral, a operação é vista como muito improvável por alguns analistas. O Itaú BBA avalia que o custo de uma eventual reversão seria altíssimo, uma vez que existem cláusulas que transformam a operação em algo praticamente inviável.
“Tivemos muitas perguntas, particularmente de investidores internacionais, sobre o que o governo federal eleito poderia fazer para reverter a privatização ou prejudicar a empresa de alguma forma. A Eletrobras é hoje uma empresa privada e uma verdadeira corporação, já que o poder de voto de qualquer acionista, incluindo o governo federal, é limitado a 10%. Uma reversão da privatização é improvável, dado o custo da pílula de veneno”, avaliam os analistas. “O governo federal teria que fazer uma oferta pública para comprar todos os acionistas minoritários a um prêmio de 200% sobre o preço mais alto das ações nos 504 dias de negociação anteriores”, concluem. Tal operação custaria aos cofres públicos algo próximo a 300 bilhões de reais em um primeiro momento.
As ações da Eletrobras fecharam a quarta-feira, 14, estáveis, enquanto a Petrobras afundou 7%. Depois de privatizada, a Eletrobras virou o menor dos problemas para o mercado.
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