A White Martins é uma das maiores fornecedoras de oxigênio hospitalar no Brasil. A companhia possui uma planta de produção em Manaus (AM), onde falta o insumo neste exato momento, o que gerou uma situação de guerra na capital amazonense. A companhia relatou a crise ao Radar Econômico.
Segundo a White Martins, a demanda por oxigênio hospitalar aumentou em cinco vezes nos últimos 15 dias, alcançando um volume três vezes maior do que a capacidade de fornecimento da empresa. A saída foi tentar importar por vias fluviais e aéreas oxigênio de outros lugares. Contou para isso até com a ajuda da FAB, mas não foi suficiente. A saída para a crise, contudo, pode estar na importação de oxigênio da Venezuela.
Leia abaixo o relato da White Martins:
Em virtude da escalada sem precedentes da pandemia de COVID-19 no estado do Amazonas e da situação de calamidade pública em Manaus, a White Martins tem mobilizado todos os esforços para suprir a demanda exponencial de oxigênio, que já aumentou cinco vezes nos últimos 15 dias, alcançando um volume de 70 mil metros cúbicos por dia. Esse consumo equivale a quase o triplo da capacidade nominal de produção da unidade local da White Martins em Manaus (25 mil m3/dia) e segue crescendo fora de controle e qualquer previsibilidade. Para se ter uma ideia, durante a primeira onda da pandemia, entre abril e maio de 2020, o consumo alcançou um pico de volume de 30 mil metros cúbicos por dia. Anteriormente à pandemia, esta planta operava com 50% de sua capacidade e isso era suficiente para atender todos os clientes dos segmentos medicinal e industrial que somavam um consumo na ordem de 10 a 15 mil m3 por dia.
No cenário atual de crise sem precedentes, a White Martins conseguiu recentemente ampliar até o limite máximo a capacidade de produção da planta de Manaus – de 25 para 28 mil metros cúbicos por dia – e direcionou toda a produção de oxigênio da unidade para o segmento medicinal. A unidade da White Martins em Manaus já havia passado ao longo de 2020 por processos de ampliação que permitiram à empresa aumentar significativamente sua capacidade de produção local. Uma das iniciativas com esse objetivo foi a instalação de um compressor de ar adicional na operação com capacidade nominal de produção de 700 m3 por hora e que permitiu obter um incremento no volume de 1800 m3 por dia. Naquele momento, a empresa também aumentou a estocagem de oxigênio líquido em cerca de 30% para garantir ainda mais confiabilidade no fornecimento do produto.
Por se tratar de uma pandemia global e que afeta todo o país, o cenário logístico na região – que por si só já é extremamente desafiador por não contar com acesso terrestre – fica ainda mais complexo. Por isso, a empresa vem implementando uma grande operação por vias fluvial e aérea, em cooperação com as autoridades governamentais e as forças armadas, para trazer oxigênio de fábricas localizadas em outros estados. Logo no início de janeiro de 2021, a companhia deslocou para esta operação 23 carretas criogênicas e 4 isotanques de 7 estados diferentes, que permitiram o incremento do volume médio de 22 mil metros cúbicos por dia. A companhia também já viabilizou o envio de 500 cilindros com suporte da FAB, o que representou um acréscimo de volume de 5.000 metros cúbicos. A empresa reforçou ainda o monitoramento do consumo dos hospitais da região e otimizou ao máximo as rotas de entrega para abastecimento dos tanques que armazenam o produto. Além disso, já colocou à disposição das autoridades o envio de 32 tanques criogênicos móveis que neste momento estão em São Paulo e aguardando nova mobilização para serem transportados para Manaus.
A White Martins já identificou a disponibilidade de oxigênio em suas operações na Venezuela e neste momento está atuando para viabilizar a importação do produto para a região.
+ Siga o Radar Econômico no Twitter