Em meio aos movimentos para indicar o ex-ministro Guido Mantega ao conselho de administração ou à presidência executiva da Vale, as falas de Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, foram bem recebidas no alto comando da mineradora. Nesta sexta-feira, 26, o ministro escalado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para trabalhar pelo nome de Mantega voltou atrás e disse que “o presidente Lula nunca se disporia em fazer uma interferência direta numa empresa de capital aberto, listada em bolsa, que tem a sua governança e natureza jurídica”. “O Brasil é um país que respeita contrato, tem regulação estável”, disse ele a jornalistas.
Dentro da Vale, a fala, apesar de contrariar os movimentos de Silveira e Lula, virou sinal de alívio — e a avaliação é de que o movimento fortalece a possível renovação de mandato de Eduardo Bartolomeo à presidência da empresa por parte do conselho de administração da companhia.
Em conversas privadas, conselheiros começaram a admitir o temor envolvendo possíveis ações de responsabilidade caso a indicação do ex-ministro se consolidasse — por exporem a empresa a pressões políticas, possivelmente desrespeitando as regras de governança da Vale. Por isso, qualquer “forçada de barra” em relação ao nome de Guido Mantega poderia virar artifício para contestações às pessoas físicas dos conselheiros.
O recuo foi interpretado como uma sinalização de que Lula sentiu o desgaste público contratado envolvendo a possível indicação de Mantega.