A paulada de 25% nos preços do óleo diesel, anunciada nesta quinta-feira, 10, pela Petrobras, já começa a causar efeitos. “Meu modo de reagir é não trabalhando”, disse Iliseu Kosooski, um dos líderes de caminhoneiros mapeados pelo ministério da Infraestrutura no movimento que fechou rodovias no ano passado. Iliseu atua carregando carga agrícola no Centro-Oeste do país. Não é greve, não é fechamento de rodovias, simplesmente os caminhoneiros não vão trabalhar no prejuízo. Outro líder, Fábio COD12, como é conhecido o caminhoneiro que atua na região do Vale da Paraíba, diz o mesmo: “Paralisação de rodovias não!!! Mas muitos caminhoneiros não vão carregar por estes dias, vamos ficar parados em casa”, disse ele à coluna. Alguns caminhoneiros, que estão longe de casa, já falam até na possibilidade de deixar o caminhão estacionado e ir para casa de ônibus. Lá de Santa Catarina, o líder Luciano Regis diz que a categoria vai fazer reunião nesta sexta-feira, 11. Mas ele também reforça o coro: “nos patamares dos preços dos combustíveis atuais, está inviável continuar”.
Isso significa que a categoria parece estar desistindo de brigar pela queda dos preços dos combustíveis, como fizeram em 2018 quando pararam o país, e vão pressionar quem paga o frete. Para eles pouco importa se o preço do combustível chegar a 100 reais, desde que o frete cubra este gasto. Na prática, o aumento do óleo diesel vai causar um efeito em cadeia. Sobe o diesel, sobe o frete, sobe o preço dos alimentos e todo o resto que é transportado por caminhão pelo país. E não será auxílio caminhoneiro que vai mudar este panorama, já que este tipo de vale cobre parte irrelevante do custo destes caminhoneiros com combustível por carga transportada. Na parte legislativa, o Senado aprovou nesta quinta-feira projeto que altera a cobrança de ICMS e outro projeto que cria um fundo que estabiliza os preços. Mas os dois projetos precisam passar pela Câmara.
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