Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro flertou com suas origens estatistas em discurso na Ceagesp, a central federal de distribuição de alimentos em São Paulo. “Aqui, quando se fala de privatização, quero deixar bem claro. Enquanto eu for presidente da República, essa é casa de vocês”, afirmou o presidente. “Nenhum rato vai sucatear para privatizar pros seus amigos”, continuou. Mas nem sempre foi assim. Em janeiro de 2019, o presidente recebeu o governador de São Paulo, João Doria, para dar vazão ao fechamento do entreposto. A ideia original era arraigar investimentos imobiliários privados na região.
Na ocasião, Bolsonaro gostou da ideia. O então secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, encomendou estudos da viabilidade do encerramento das atividades da Ceagesp junto ao BNDES e ao escritório de advocacia Vieira Resende e a Plural Investimentos. Desde a saída de Mattar, dizem técnicos da equipe de Doria, o que eram discussões de viabilidade viraram assunto da política. Os estudos devem ser entregues ao Ministério da Economia em breve. Resta ver o que fará o ministro Paulo Guedes com os documentos em mãos.
Enquanto isso, o secretário de Agricultura de São Paulo, Gustavo Junqueira, aperta o cerco para que o entreposto seja fechado ou, ao menos, otimizado. Ele prepara junto à sua equipe um aperto na fiscalização sanitária da Ceagesp e um escrutínio dos contratos e condições trabalhistas e logísticas do entreposto.
+ Siga o Radar Econômico no Twitter