O ex-comandante do Exército, general Eduardo Villas Boas, se mostrou perplexo com os acontecimentos recentes no governo Bolsonaro, segundo assessores muito próximos ao general. A perplexidade se deu por dois motivos. Primeiro pela forma abrupta com que o general Fernando Azevedo e Silva foi tirado do cargo de ministro da Defesa. Azevedo foi indicado por Villas Boas, que era muito respeitado por Bolsonaro e chegou até a ocupar um cargo no Gabinete de Segurança Institucional junto com o general Augusto Heleno.
O segundo motivo da perplexidade do general foi com o que chegou a chamar de subserviência de alguns militares. Uma coisa é ser obediente, outra subserviente. Segundo alguns assessores, a decepção é com os generais Walter Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos. Nesta terça-feira, os comandantes das Forças Armadas foram tirados dos seus cargos pelo agora ministro da Defesa, Braga Netto, que assumiu o lugar de Azevedo. Assim, Braga Netto cumpriu a missão dada por Bolsonaro de tirar Edson Pujol do cargo de comandante do Exército. O ex-ministro havia se recusado a cumprir tal missão, apesar dos pedidos insistentes de Bolsonaro.
Os assessores de Villas Boas dizem, entretanto, que o momento agora é de botar panos quentes para se evitar uma ruptura. Mas isso necessariamente vai depender da escolha do novo comandante do Exército, que precisa ser alguém que possa unir novamente as lideranças e que tenha claro que o inimigo hoje do Brasil é única e exclusivamente o vírus. Mas o que seria uma ruptura no Exército? Quando comandantes militares de área, por exemplo, deixam de cumprir ordens. Um racha no Exército não seria bom nem para Bolsonaro, na avaliação desses militares. O nome que está mais cotado no momento é o general José Luiz Freitas que agrada a todo mundo, mas não se sabe ainda se Bolsonaro dará seu aval ao nome.