Segundo maior aeroporto em movimentação de passageiros no país, Congonhas tornou-se um ativo cobiçado e extremamente importante para o setor aéreo. Nesta quinta-feira, 18, foi arrematado pelo grupo espanhol Aena, que promete investir cerca de 3,3 bilhões de reais em obras de manutenção no local nos próximos anos. Para o especialista em direito aeronáutico Ricardo Fenelon Jr, ex-diretor da Agência Nacional de Aviação (Anac), o certame, apesar de ter atraído poucos envolvidos, pode ser considerado um sucesso, uma vez que o ágio envolvido no negócio (231%) foi “surpreendente”.
“Congonhas é um aeroporto estrategicamente localizado no estado mais rico do país, um atrativo para o passageiro executivo, voltado a negócios. Antes da pandemia, a ponte aérea Congonhas e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, chegou a ser uma das mais rentáveis do mundo. É o principal aeroporto de voos domésticos do Brasil”, diz Fenelon Jr. “Mas ele tem uma capacidade de operação limitada, que é muito disputada pelas empresas ainda”.
Para ele, o maior desafio está relacionado à infraestrutura do espaço, uma vez que Congonhas fica localizado em uma área bastante adensada da capital paulistana. “A maioria dos aeroportos concedidos nos últimos anos tem bastante espaço para crescimento da infraestrutura, como a construção de novas pistas. Em Congonhas, não tem espaço para crescer. Esse é o maior desafio para a empresa que irá administrar o espaço a partir de agora”, afirma o especialista. “Mas, olhando para os valores envolvidos, eu digo que foi uma vitória tanto para o Estado como para a Aena”. Segundo a Anac, 22 milhões de pessoas foram transportadas via este terminal em 2019, ano antes da pandemia, e a estimativa é que possa passar para 30 milhões de pessoas, após a concessão. Fenelon não descarta a possibilidade de que obras de melhorias no local possam interditar o aeroporto por um curto período de tempo.
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