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Por Mario Mendes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Elis, o filme, e por que eu gosto de saber da vida alheia

Ando rodeado por biografias. Além das que enfrentei por dever profissional – da estilista Vivienne Westwood e da travesti Rogéria, devidamente resenhadas para as páginas de VEJA – já folheei, mas ainda não encarei, a autobiografia de Rita Lee e a biografia de Zózimo Barroso do Amaral, o último grande colunista brasileiro radiografado pelo colega […]

Por Redação Atualizado em 2 fev 2017, 08h59 - Publicado em 23 nov 2016, 20h08

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Ando rodeado por biografias. Além das que enfrentei por dever profissional – da estilista Vivienne Westwood e da travesti Rogéria, devidamente resenhadas para as páginas de VEJA – já folheei, mas ainda não encarei, a autobiografia de Rita Lee e a biografia de Zózimo Barroso do Amaral, o último grande colunista brasileiro radiografado pelo colega Joaquim Ferreira dos Santos – deliciosamente intitulada Enquanto Houver Champanhe Há Esperança. Na TV assisti os reveladores documentários sobre Vivian Maier, a babá fotógrafa excepcional, e Robert Mapplethorpe, o fotógrafo bonitão vivendo casos sérios com o submundo gay e com o high society nova-iorquinos. Sem falar que essa semana chega aos cinemas Elis, mas eu não decidi se vou ou não ver o filme da vida da ainda maior cantora do Brasil.

Porque de Elis eu lembro muito bem. Ela fez parte da minha vida – e da vida de muitos brasileiros da mesma geração – da infância até a juventude. Quando Elis morreu, em uma terrível manhã de 1982, eu ainda estava na universidade e no decorrer da década, enquanto rolava o punk e o rock nacional, gostava de imaginar como seria Elis cantando Inocentes, Ratos de Porão, Renato Russo e, sobretudo, Cazuza. Provavelmente eu teria gostado mais de todos eles.

No princípio, Elis era aquela moça engraçada de penteado “panetone”, sacudindo os braços e cantando Menino das Laranjas e Upa Neguinho. Depois era a cantora do programa da Record, que aparecia toda semana na TV com aquele moço que tinha cantado Disparada no festival, o Jair Rodrigues. E mais tarde, quando eu já estava mais esperto, ela era a grande intérprete da MPB que fazia sucesso com músicas “de consumo” como Madalena mas também encarava trabalhos “de pesquisa” como Black is Beautiful, dos irmãos Marcos e Paulo Sergio Vale, ainda aparecendo toda semana na TV, agora na Globo, no Som Livre Exportação.

Depois veio o histórico Elis & Tom, o LP que rendeu um especial na Bandeirantes – atual Band – e as muitas reportagens e entrevistas falando das andanças da cantora pelo Brasil no muito festejado Circuito Universitário. E então um dia eu fui ver Falso Brilhante. Aliás, vi mais de uma vez e finalmente entendi por que Elis era a maior cantora do Brasil e o que era a performance de uma artista de verdade.

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Sim, Falso Brilhante foi um feliz encontro de talentos: a direção de Miriam Muniz, os cenários e figurinos de Naum Alvez de Souza, a banda de músicos em comunhão, dirigidos por César Camargo Mariano, a voz, a presença e a emoção de Elis Regina. Raras vezes depois tive o prazer de assistir um espetáculo e um show musical tão perfeito – e olha que tenho uma bela quilometragem de showbiz, dentro e fora do Brasil.

Daí o vazio que ficou na música brasileira com a morte de Elis. Não apareceu mais ninguém. Pelo menos não do mesmo tamanho. Isso fica patente quando se lê a excelente biografia da cantora, Nada Será Como Antes, do jornalista Julio Maria, lançada no ano passado quando ela teria feito 70 anos.

Em um antigo texto sobre Marylin Monroe – por ocasião de alguma efeméride de morte da atriz – Paulo Francis dava sua visão da estrela como pessoa com idade o suficiente para se lembrar dela viva e como jornalista que acompanhou a evolução dela no cinema. Naquele estilo arrasa quarteirão, o velho homem de imprensa demolia alguns mitos construídos depois que “Marilyn escapou de nós sobre o horizonte do último comprimido” – como escreveu Norman Mailer na biografia que escreveu sobre o mito – dizendo que ela foi de “estreleta” da Twentieth Century-Fox a estrelona sem muito talento, mas com um apelo sexual arrasador e irresistível. Casou-se com o ídolo do beisebol Joe di Maggio, depois casou-se com o dramaturgo Athur Miller – passando a maior parte do casamento sem entender o que ele dizia – e finalmente morreu. O jornalista ainda perguntava que se era possível mistificar alguém que havia “morrido ontem”, como Marilyn, o que dizer de alguém como Jesus Cristo? Afinal, quem conta um conto aumenta um ponto.

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Então, vou ver Elis, pela curiosidade e mesmo que seja pra não gostar e falar mal na saída. (Dizem que Andréia Horta recebeu Elis, mas também há quem diga que ela está caricata. Vamos ver…)

Ainda sobre a vida alheia: está sendo lançada a biografia do Padre Fabio de Melo, Humano Demais, onde o sacerdote revela que levou uma vida dupla durante o seminário. O que quer que isso signifique. Ai, Jesus!

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