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Por Mario Mendes
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De Dória a Glória antes do Carnaval

O prefeito Dória, com o hábito de ser fotografado, filmado e compartilhado, me lembra um trecho do documentário Na Cama Com Madonna

Por Mario Mendes Atualizado em 30 jul 2020, 21h02 - Publicado em 8 fev 2017, 18h57

O prefeito Dória, com o hábito de ser fotografado, filmado e compartilhado em tudo que diz e faz nesse início de gestão – assessoria de imprensa, de marketing e seleção da casting estão de parabéns – me lembra um trecho de Na Cama Com Madonna, aquele documentário que acompanha a estrela em processo de dominação planetária. Quando Madge insiste em ser filmada durante uma conversa que deveria ser particular, seu namorado de então, o astro Warren Beatty, observa: “Ela não quer viver se a câmera não estiver rodando. Não tem o que dizer com a câmera desligada. Por que falar qualquer coisa se não está sendo filmada? Não faz sentido”. Há quem insista em comparar o prefeito em cena em tempo integral com o exibicionismo fanfarrão de Donald Trump. Bobagem. Aqui grife tem outro nome: Kardashian.

Deu na Folha de S. Paulo: “Negra, pobre e da rede pública fica em 1º em curso mais concorrido da Fuvest”, a propósito da estudante Bruna Sena, de 17 anos, aprovada em Medicina na USP, em Ribeirão Preto. Parabéns para ela. Mas, um instante, ela não se preparou e mostrou competência para o resultado, ou só chegou lá por pertencer a um segmento oprimido da sociedade, ser de uma família de baixa renda – sua mãe ganha 1.400 reais por mês como caixa de supermercado – e ter enfrentado um sistema de ensino sucateado e capenga? A própria comemorou: “A casa-grande surta quando a senzala vira médica”, se esquecendo que ainda há um longo caminho antes da graduação, mesmo assim o lado certo da história vibrou. Já a mãe se revelou grilada: “Por favor, coloque no jornal que tenho medo dos racistas. Ela vai ser o 1% negro e pobre no meio dos brancos e ricos da faculdade”, pediu. E o resto da reportagem segue aquele ritmo Discovery Channel de documentário sobre uma espécie diferente com hábitos peculiares e tão importante de ser preservada. Bom lembrar que até bem pouco tempo, os primeiros lugares dos vestibulares mais concorridos pareciam estar reservados aos candidatos de origem oriental. Enfim, estatísticas. E segue o baile…

Até a semana passada, praticamente ninguém no Brasil sabia o que era Super Bowl, a final do campeonato da Liga Nacional de Futebol americano, disputada no último domingo no Texas, e o programa de maior audiência da TV nos EUA. Hoje todo mundo não só é fã de carteirinha do esporte estadunidense, como é capaz de analisar com precisão o estilo dos jogadores e cada lance da partida. Até quem não se liga em eventos esportivos tem duas ou três coisas a dizer sobre a perfomance circense de Lady Gaga que rolou no intervalo do jogo – cantou música do engajado Woody Guthrie, saltou do alto do estádio, voou sobre a plateia, dançou, tocou piano e atacou de Poker Face a Bad Romance. Provavelmente o evento deve seguir por aqui o mesmo caminho do Halloween, torando-se algo que todo mundo curte desde criancinha. De minha parte, aguardo ansioso a galeria de fotos e vídeos das Gostosas do Super Bowl, que devem se espalhar pela rede na edição do ano que vem.

Quando eu penso que Fevereiro, um mês que não gosto muito, vai me poupar dessa vez de surpresas desconcertantes, dou de cara com a sacerdotisa do chic, Glória Kalil, postando selfie em frente ao espelho na rede social, usando uma… pochete! Na legenda da foto, o papo reto:”Por que a gente demonizou tanto a pobre da pochete? Ela é tão bacaninha!”. Evidente que a pochete da Glorinha é coisa fina, bem diferente daquelas de camelô, usadas pelo tiozinho da lotação. Estou até considerando comprar uma que combine com meus mocassins Prada e Gucci.

E isso porque ainda estamos há duas semanas do Carnaval. Alá-lá-ô!

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