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Por Trás dos Números

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Renato Meirelles é pai da Helena, acredita que a Terra é redonda, está à frente do Instituto Locomotiva e, neste espaço, interpreta os números muito além da planilha Excel
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O segundo turno é agora

Antecipação inédita da preferência eleitoral alavanca o voto útil e enterra a terceira via

Por Renato Meirelles Atualizado em 28 mar 2022, 17h55 - Publicado em 28 mar 2022, 17h52

Desde a redemocratização, o Brasil nunca teve uma eleição presidencial tão precocemente polarizada. Estamos a mais de meio ano do pleito e quase três quartos do eleitorado já se dividiu entre duas candidaturas. A situação favorece como nunca o chamado voto útil. Mantida a tendência, teremos uma antecipação do segundo turno no primeiro.

“Mas Lula e Bolsonaro são também os candidatos mais conhecidos”, observa o leitor, com razão. Logo, no decorrer da campanha, haveria espaço para o crescimento de outros nomes, capazes de tirar votos dos primeiros colocados, certo? Não é bem o que os números indicam.

Em pesquisa recente da Genial/Quaest, aproximadamente 70% dos eleitores tanto de Lula quanto de Bolsonaro disseram que sua intenção de voto é definitiva. O oposto ocorre na chamada terceira via: a enorme maioria dos eleitores de Eduardo Leite, João Doria e Sergio Moro, por exemplo, cogita mudar seu voto a depender de como os ventos políticos soprarem daqui até outubro.

O movimento, diga-se de passagem, já vem ocorrendo. Bolsonaro passa por uma “recuperação silenciosa”, isto é, uma melhora gradual em seus índices de intenção de voto. Há várias explicações para o fenômeno, do impacto do Auxílio Brasil à intensificação da presença do mandatário no Nordeste, passando pelo arrefecimento da pandemia.

Uma delas, porém, é justamente o retorno de parte do eleitorado que aguardava o surgimento de uma candidatura viável no campo da direita não-bolsonarista. Como a terceira via até agora fracassou, esse eleitor vem jogando a toalha, e o ex-capitão recompõe parcialmente a base mais ampla (58 milhões de votos) que o elegeu em 2018.

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A resultante é o fortalecimento do voto útil. A Genial/Quaest apurou que, dentre os eleitores que rejeitam Lula e Bolsonaro, 34% votariam no petista caso ele tenha chances de ser eleito já no primeiro turno. Outros 23% fariam o mesmo no caso de chance de vitória do atual presidente. Aliás, o discurso do voto útil para selar as eleições no primeiro turno ajudou enormemente o próprio Bolsonaro em 2018, como bem lembrou o colega Thomas Traumann em sua coluna aqui em Veja.

Mantido, enfim, o atual cenário, 2 de outubro será dia de segundo turno antecipado.

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