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Por Renato Meirelles
Renato Meirelles é pai da Helena, acredita que a Terra é redonda, está à frente do Instituto Locomotiva e, neste espaço, interpreta os números muito além da planilha Excel
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O câncer, visto de dentro da favela

Falta de informação, de infraestrutura e de recursos para realizar exames aflige moradores das comunidades quando o assunto é a doença

Por Renato Meirelles 16 Maio 2023, 08h00

São preocupantes as revelações trazidas à tona pela pesquisa “Percepções e prioridades do câncer nas favelas brasileiras”, realizada pelo DataFavela. Apresentados durante o 13º Fórum Nacional Oncoguia, em Brasília, os dados expõem a urgência de se olhar para a realidade de milhões de brasileiros que, na maioria das vezes, não contam com estrutura adequada ou mesmo com informações suficientes para se prevenir e se tratar de uma enfermidade tão séria.

O estudo, que ouviu 2.963 indivíduos, em sua maioria negros e pertencentes às classes D e E, desnuda a escassez de acesso a exames e profissionais da saúde como um desafio nesses redutos. É lamentável constatar que sete em cada 10 dos moradores passam por dificuldades para realizar exames cruciais para a detecção precoce do câncer ou obter o devido acompanhamento médico. Os desafios vão desde falta de infraestrutura, até falta de informação e de recursos para poder cuidar melhor da saúde e fazer exames de rotina.

Os dados evidenciam, por um lado, a necessidade urgente de investimentos bem planejados em saúde pública, principalmente voltados às regiões mais vulneráveis, para melhorar a infraestrutura de saúde nessas áreas, viabilizando assim um acesso mais digno a exames e profissionais qualificados.

Mais que isso, é preciso atuar com a conscientização dos moradores de favela para que tenham mais informação sobre a doença e também fornecer alternativas para facilitar o acesso a estruturas de saúde. Nada menos que 49% dos moradores dessas comunidades relata ter dificuldade para se cuidar e priorizar a própria saúde. Além disso, 44% dos entrevistados com filhos afirmam que poderiam cuidar melhor da saúde e fazer mais exames de rotina se tivessem com quem deixar as crianças. Some-se a isso o fato de 36% dos entrevistados ter admitido não ter conhecimento suficiente sobre o câncer, seu diagnóstico e formas de prevenção e vemos que por trás do quadro desolador está a falta de políticas públicas direcionadas às realidades da população das favelas.

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Neste cenário, um caminho para enfrentar tamanho desafio seria a realização de mutirões de saúde periódicos nestas regiões. Com isso, seria possível trazer os serviços médicos e exames preventivos para mais perto dos moradores, mitigando as barreiras geográficas e burocráticas que frequentemente os impedem de buscar cuidados médicos. Essa abordagem proativa pode contribuir para ampliar o acesso aos cuidados de saúde e, consequentemente, aprimorar a detecção precoce e o tratamento do câncer nessas regiões.

É fundamental ainda que, nestes mutirões, os órgãos públicos promovam campanhas de conscientização sobre a importância da realização regular de exames preventivos. Faz-se necessário educar a população sobre os indícios alarmantes do câncer e encorajá-la a buscar auxílio médico, mesmo diante das adversidades como a falta de recursos financeiros ou dificuldades de locomoção.

A constatação estatística dessa dolorosa realidade deve soar como um clamor por ação imediata e eficaz por parte de toda a sociedade. É imprescindível assegurar que todos os cidadãos, independentemente de sua origem ou condição socioeconômica, desfrutem de um acesso equânime a serviços de saúde de qualidade. Na terceira década do século XXI, é inadmissível que vidas sejam ceifadas por falta de acesso à saúde. Todos merecem receber os cuidados médicos adequados, independentemente de sua moradia ou posição social. Chegou o momento de unirmos nossos esforços para garantir que nenhum brasileiro seja abandonado quando se trata de zelar pela própria saúde.

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